Uma em cada três pessoas no Brasil é considerada analfabeta funcional, conforme os dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) divulgados recentemente. Este estudo, realizado pela ONG Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, revela informações que permitem uma compreensão mais clara do perfil dos analfabetos funcionais no país. A taxa de analfabetismo funcional é significativamente maior entre pessoas acima de 40 anos: 41% desta faixa etária apresentaram dificuldades, comparados a 17% da população entre 15 e 29 anos.
O levantamento também indica diferenças de gênero. As mulheres, que representam 51% da população entre 15 e 64 anos, são minoritárias entre os analfabetos funcionais, reflexo de um nível de escolaridade geralmente superior ao dos homens. Entretanto, ao considerar os níveis mais elevados na escala do Inaf, a situação se altera: 47% das mulheres são alfabetizadas em nível proficiente, em contraste com 53% dos homens.
A pesquisa incluiu a participação de 2.554 pessoas na faixa etária de 15 a 64 anos, coletadas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, abrangendo todas as regiões do Brasil. A margem de erro dos dados oscila entre dois e três pontos percentuais. O conceito de alfabetismo funcional refere-se ao grau de competência nas habilidades de leitura e escrita, isto é, a capacidade de aplicar esses conhecimentos em tarefas cotidianas que exigem diferentes níveis de complexidade. Para o Inaf, uma pessoa é tida como analfabeta funcional se consegue apenas ler palavras isoladas e frases curtas ou reconhecer números familiares, como contatos telefônicos, endereços e preços.
Desde 2001, o Inaf tem mapeado a realidade do analfabetismo funcional no Brasil, complementando as informações sobre analfabetismo coletadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). O Inaf 2024 contou com a colaboração de diversas instituições, incluindo a Fundação Itaú, a Fundação Roberto Marinho, o Instituto Unibanco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é considerada uma alternativa importante para combater o analfabetismo. No entanto, dados do Censo Escolar 2024 indicam uma queda no número de matrículas nesta modalidade, com uma redução de 198 mil alunos em relação ao ano anterior, resultando no menor número de matrículas registrado na história.