A estratégia do ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu interrogatório recente foi enfatizar a ideia de que não houve uma tentativa de golpe, mas sim uma consideração sobre a aplicação de artigos da Constituição. A acusação feita pela Procuradoria Geral da República envolve a alegação de que Bolsonaro tentou causar uma ruptura na ordem democrática.
No interrogatório, que ocorreu em 11 de junho, Bolsonaro argumentou que sua intenção foi questionar o resultado das eleições após ter enfrentado obstáculos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um dos aspectos que ele destacou foi a multa imposta ao seu partido, no valor de R$ 22 milhões, pelo questionamento dos resultados eleitorais.
As opções discutidas por Bolsonaro incluíam a decretação do estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção das Forças Armadas, todos previstos na Constituição. Ele esclareceu que consultou os comandantes militares para verificar a viabilidade da aplicação de tais medidas em caso de dúvidas quanto ao processo eleitoral.
Conforme mencionado por Bolsonaro, após receber respostas negativas dos chefes militares, ele percebeu que as medidas constitucionais não poderiam ser implementadas, levando-o a concluir que não havia possibilidade de anulação das eleições. O ex-presidente também afirmou que não houve assinatura de nenhum documento e que não submeteu nenhuma proposta de intervenção ao Congresso, dado que seria necessária a aprovação legislativa para tal ação.
Além disso, durante sua defesa, Bolsonaro expressou remorso por declarações feitas sobre alguns ministros do STF, esclarecendo que essas falas foram meramente retóricas e não baseadas em evidências concretas sobre os juízes da Suprema Corte.
Por fim, o ex-presidente trouxe à tona a discussão sobre as urnas eletrônicas, alegando que a atual situação poderia ter sido evitada se a proposta do voto impresso tivesse sido aceita. Ele reiterou seu apoio ao voto impresso desde sua carreira política, não apenas após a sua derrota nas eleições.
Assim, a abordagem da defesa de Bolsonaro foi focar no fato de que não houve uma tentativa de golpe, mas uma simples consulta sobre a aplicação de disposições constitucionais, que, no final, não foram postas em prática.