2 abril 2025
HomeInternacionalAnálise do Financial Times: Julgamento de Bolsonaro Apresenta Riscos Elevados

Análise do Financial Times: Julgamento de Bolsonaro Apresenta Riscos Elevados

Sem uma data definida até o momento, o iminente julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro está gerando uma ampla cobertura na mídia internacional, especialmente após sua transformação em réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Vários veículos de comunicação ao redor do mundo estão se aprofundando nos pormenores do inquérito que investiga a suposta tentativa de desestabilizar os resultados das eleições de 2022. Uma análise do Financial Times, veículo de importância nos mercados financeiros, caracteriza o julgamento como “arriscado”.

As defesas dos supostos envolvidos na trama golpista estão pressionando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Advogados constitucionalistas afirmam que há “contaminação política” no STF. Jair Bolsonaro, em declarações recentes, expressou que a possibilidade de prisão seria “o fim da sua vida”.

Uma reportagem do Financial Times, assinada por jornalistas em Brasília, argumenta que os crimes imputados a Bolsonaro constituem um “complô com apoio militar para derrubar uma das maiores democracias do mundo”. O jornal também destaca a capacidade do julgamento de aprofundar a polarização no Brasil e reafirmar a popularidade de Bolsonaro, traçando um paralelo com a ascensão de Donald Trump.

Segundo o Financial Times, existe uma comparação entre a situação atual do ex-presidente brasileiro e os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump invadiram o Capitólio em uma tentativa de reverter a vitória de Joe Biden. A análise reforça que os problemas legais enfrentados por Bolsonaro podem não comprometer sua popularidade, semelhantemente ao que ocorreu com Trump. Além disso, o julgamento pode transformá-lo em um mártir aos olhos de alguns de seus apoiadores.

Referente à divisão social no Brasil em decorrência do julgamento, o Financial Times enfatiza uma pesquisa recente da AtlasIntel, que revela que 51% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro idealizou um golpe, enquanto 48% o consideram inocente. Este aspecto é abordado como uma questão central no contexto do futuro julgamento.

Embora o Financial Times descreva as acusações como um “complô” para desmantelar a democracia brasileira, também menciona que o STF é uma “instituição que acumulou poder extraordinário na última década”. O ministro Alexandre de Moraes é citado como uma das figuras mais controversas do Supremo e como possível vítima do alegado complô, ao mesmo tempo em que é reconhecido como parte do grupo que concordou em analisar o caso que envolve Bolsonaro.

A reportagem ainda reconhece que a Suprema Corte perdeu parte de sua credibilidade perante a população, com uma pesquisa do PoderData de dezembro do ano passado revelando que 43% dos entrevistados avaliam a conduta da corte como “ruim ou péssima”.

O documento também aborda a perspectiva de Bolsonaro, que afirma que o Judiciário está “totalmente alinhado” ao atual presidente, Lula. Essa visão encontra eco entre aliados de Bolsonaro nos Estados Unidos, que sustentam que a situação não diz respeito à justiça, mas sim à eliminação da concorrência política por meio de ações judiciais. O ex-presidente expressou a crença de que há “algo pessoal” contra ele.

Por fim, o impacto do julgamento na eleição de 2026 no Brasil é outro ponto de discussão na reportagem. O caso pode influenciar as próximas eleições presidenciais, criando uma “longo sombra” em um cenário onde um ex-presidente popular poderia enfrentar prisão e inelegibilidade, gerando indignação entre seus apoiadores, de forma semelhante ao que ocorreu com Lula em 2018.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!