Espanha e Portugal enfrentaram um vasto apagão nesta segunda-feira (28), impactando significativamente as atividades cotidianas nos dois países. Estabelecimentos comerciais foram forçados a fechar, enquanto trens, metrôs e voos foram suspensos. As autoridades ainda não estabeleceram uma causa definitiva para a interrupção, que afetou dezenas de milhões de cidadãos da Península Ibérica, mas descartaram a hipótese de ciberataques. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, confirmou a ausência de indícios de ações maliciosas relacionadas à situação.
Os órgãos responsáveis pelo setor elétrico em Portugal informaram que a interrupção se deu após uma falha na rede elétrica europeia, mas os detalhes permanecem indefinidos. Após especulações sobre a existência de um “fenômeno atmosférico” como causa, a REN, empresa fornecedora de eletricidade e gás em Portugal, negou essa informação, enfatizando que a situação está gerando consideráveis dificuldades operacionais. Por sua vez, a distribuidora espanhola Red Eléctrica preferiu não comentar sobre as causas e estimou que o restabelecimento total da energia poderia levar entre seis a dez horas. O diretor de operações, Eduardo Prieto, descreveu o evento como “excepcional e extraordinário”.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, mencionou que uma “forte oscilação” na rede elétrica europeia poderia ter causado o apagão, mas os estudos sobre a origem do problema ainda estão em andamento. Ele solicitou que a população evite especulações e que recorra aos serviços de emergência somente em situações imprescindíveis. O Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal reiterou não haver evidências que demonstrem que a interrupção da energia foi provocada por um ataque cibernético.
A abrangência do apagão afetou a totalidade da Península Ibérica, com uma população de quase 60 milhões de pessoas. Embora ainda não se saiba quantas foram afetadas diretamente, a interrupção também teve repercussões breves na França; a operadora RTE indicou que algumas residências na região basca ficaram sem eletricidade temporariamente, mas a situação já foi resolvida. As Ilhas Canárias, Ilhas Baleares e os territórios de Ceuta e Melilla não enfrentaram interrupções.
O corte de energia começou ao meio-dia no horário local, resultando no fechamento de escritórios e congestionamentos em Madri e Lisboa, com cidadãos em Barcelona controlando o tráfego. Serviços de trens foram paralisados, e, segundo o Ministro dos Transportes da Espanha, a circulação não poderia ser retomada nesta segunda-feira, mesmo com a energia sendo restaurada. Hospitais e serviços de emergência ativaram geradores, enquanto postos de gasolina e algumas operadoras de celulares enfrentaram dificuldades operacionais.
Nos aeroportos espanhóis, sistemas elétricos de reserva foram ativados, causando atrasos em alguns voos, conforme informado pela Aena. Em Lisboa, os terminais fecharam, forçando os passageiros a aguardarem por informações sobre seus voos. O Parlamento espanhol também suspendeu suas atividades, e partidas do Torneio Aberto de Madri foram interrompidas. Em Terrassa, próxima a Barcelona, havia relatos de falta de estoque em lojas de geradores.
Em Portugal, com aproximadamente 10,6 milhões de habitantes, a polícia aumentou o efetivo nas ruas para atender à demanda emergencial, incluindo socorro a pessoas presas em elevadores. Relatos indicam que passageiros do metrô de Lisboa foram resgatados e que tribunais suspenderam suas funções, enquanto caixas eletrônicos e sistemas de pagamento foram afetados.
Em resposta à crise, o primeiro-ministro espanhol convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional. A administração portuguesa também realizou uma reunião de emergência. Durante pronunciamento, Sánchez pediu para que a população evitasse deslocamentos desnecessários e utilizasse os celulares apenas para chamadas curtas, ressaltando a importância de confiar apenas em informações oficiais.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, afirmou que mantinha comunicação constante com Sánchez e esperava a restauração da energia até o final do dia. As autoridades indicaram que os problemas de fornecimento estão relacionados a fatores externos, segundo informações obtidas pela agência de notícias Lusa. Para restaurar a energia nas regiões afetadas, a eletricidade foi sendo direcionada do Marrocos e da França, com a Espanha aumentando a geração em usinas hidrelétricas e termelétricas de ciclo combinado.
Eduardo Prieto, da Red Eléctrica, informou que cerca de 35% do serviço já havia sido recuperado, embora ainda faltem horas para a completa normalização do fornecimento de energia.