Um casal norte-americano enfrentou uma longa jornada de dezenove anos, com quinze ciclos de fertilização in vitro que não obtiveram sucesso. Recentemente, conseguiram engravidar com a ajuda de inteligência artificial, que foi utilizada para superar um quadro grave de infertilidade masculina. Esta conquista foi anunciada pela equipe do Centro de Fertilidade da Universidade de Columbia, em Nova York, onde foi registrada a primeira gravidez facilitada por um sistema de IA. Apenas informações como o nome fictício “Rosie” e a idade de 38 anos da gestante foram divulgadas.
O principal desafio enfrentado pelo casal foi a azoospermia, condição caracterizada pela inexistência de espermatozoides detectáveis no sêmen, que constitui cerca de 10% dos casos de infertilidade masculina. O médico Zev Williams, responsável pelo projeto, comparou a situação a encontrar uma agulha não em um palheiro, mas em mil palheiros. A dificuldade se deve ao fato de que o sêmen contém uma grande quantidade de células e resíduos, tornando os espermatozoides, as menores células do corpo humano, difíceis de localizar.
Embora a olho nu o sêmen pareça não conter espermatozoides, uma IA treinada para essa finalidade pode apresentar resultados diferentes. Por exemplo, uma amostra que havia sido analisada por médicos durante dois dias, sem que fossem encontrados espermatozoides viáveis, revelou, sob o exame da inteligência artificial, a presença de 44 espermatozoides em apenas uma hora.
A tecnologia utilizada, chamada STAR (Sperm Track and Recovery), levou cinco anos para ser desenvolvida. A sigla refere-se ao Rastreamento e Coleta de Espermatozoides e foi inspirada na dificuldade de identificar algo tão pequeno quanto mapear astros no espaço. Essa analogia foi proposta pela própria equipe à frente do projeto, enfatizando a complexidade da tarefa.
O funcionamento do STAR é simples, embora não seja algo que se deva tentar em casa. O procedimento envolve:
1. A amostra de sêmen é direcionada através de um pequeno canal em um chip.
2. A IA, programada para reconhecer espermatozoides, realiza a análise do fluido em tempo real.
3. Quando um espermatozoide é detectado, o sistema desvia o mesmo para um canal separado, garantindo a coleta de forma segura e eficaz para a fertilização.
Após o procedimento, que não diferiu das tentativas anteriores de fertilização in vitro, a notícia esperada por quase duas décadas chegou: os óvulos de Rosie haviam sido fertilizados com sucesso, quatro meses após a coleta. Assim, a tecnologia mais uma vez demonstrou seu potencial em proporcionar avanços significativos na reprodução assistida.