A Apple Worldwide Developers Conference (WWDC) ocorrerá nesta segunda-feira, 9 de outubro, em Cupertino, Califórnia. Neste evento anual, a empresa apresentar os principais lançamentos de software, incluindo atualizações para os sistemas operacionais iOS, macOS, watchOS, tvOS e visionOS. O CEO Tim Cook deve destacar as novidades às 14h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo.
As expectativas para a WWDC deste ano estão elevadas. Após uma série de falhas, a Apple precisa demonstrar a seus consumidores, investidores e partners que ainda é uma líder em tecnologia e inovação, especialmente no campo da inteligência artificial. Contudo, analistas preveem que a empresa pode experimentar mais um “ano sabático”.
Durante a conferência do ano anterior, Cook apresentou com entusiasmo o “Apple Intelligence”, um novo software de inteligência artificial. Com ênfase na privacidade do usuário e uma interface personalizável, a Apple prometeu se destacar na corrida da IA, mas não conseguiu consolidar essa posição.
O atraso em reagir à concorrência, que já tinha lançado assistentes de IA como o Galaxy AI, resultou em uma percepção negativa quanto à integração da Siri. A ferramenta foi anunciada como capaz de “agendar reuniões” e “enviar convites”, mas não atendeu às expectativas, principalmente em comparação com outras soluções disponíveis.
Três meses após o anúncio, o iPhone 16 foi lançado sem a presença do Apple Intelligence, que somente estaria disponível no final do ano. A Siri ainda não foi integrada, e muitos dos recursos estão limitados ao inglês, o que prejudica a adoção global.
Wall Street reagiu negativamente ao desempenho da IA da Apple, especialmente após outras frustrações, como vendas decepcionantes do Apple Vision Pro e a paralisação de um projeto de veículo elétrico. As ações da empresa caíram em Nova York após esses eventos.
As expectativas são altas para uma empresa com a capitalização de mercado da Apple. A falta de um lançamento que se destaque em comparação com tecnologias de IA conversacional de rivais, como ChatGPT e Gemini, gerou descontentamento no mercado, embora uma parceria com a OpenAI possa trazer novas oportunidades.
Além dos desafios tecnológicos, a Apple enfrenta questões legais. Em março de 2025, a empresa foi processada por propaganda enganosa relacionada ao Apple Intelligence, e o clima se complicou com a intensificação da “guerra comercial” entre EUA e China.
A dependência da Apple da China para fabricação e mercado é uma preocupação significativa. Especialistas preveem que um colapso nas relações entre os dois países poderia reduzir o valor da empresa pela metade, dado que a China é responsável por cerca de 80% da produção do iPhone.
A produção do iPhone nos Estados Unidos enfrenta desafios significativos, pois mudaria a estrutura de custos, aumentando o preço do aparelho. A proposta de mudar a produção para solo americano se torna ainda mais complexa e demorada.
O ex-chefe de design da Apple, Jony Ive, acaba de firmar um acordo para liderar uma nova startup com foco em dispositivos impulsionados por IA. Essa movimentação pode intensificar a pressão sobre a Apple, que já enfrenta um momento de incerteza.
De acordo com ex-funcionários, a Apple está lidando com disputas internas, mesquinhez e a fuga de talentos, o que poderá afetar seu desempenho contraproduzente no mercado.
Análises apontam que a Apple está com uma defasagem em relação à aquisição de hardware necessário para desenvolver suas capacidades em IA. Enquanto empresas concorrentes adquiriram grandes quantidades de chips, a Apple não conseguiu acompanhar o ritmo.
Os desafios em promover o Apple Intelligence refletem promessas não cumpridas. A imagem da marca, que por anos simbolizou inovação, pode não se sustentar se a empresa não mudar sua abordagem.
Apesar das dificuldades, a Apple continua sendo uma das empresas mais valiosas do mundo, com um valor de mercado que se aproxima de US$ 3 trilhões. O desempenho financeiro da empresa, incluindo a receita da App Store, mostra um destaque em relação à concorrência.
A reputação da Apple, construída ao longo de 30 anos, ainda é forte. A marca simboliza status e pertença, proporcionando uma diferenciação em momentos de crise.
No entanto, a imagem da Apple pode não se sustentar por muito mais tempo se os preços e a inovação não forem adequados. Produtos com preços semelhantes aos da concorrência podem indicar uma deterioração na percepção do consumidor.
Por fim, a Apple observa o desempenho do iPhone 16 e os avanços no Apple Intelligence, destacando a integração de IA em mercados receptivos. O foco em melhorias e suporte multilíngue é um dos caminhos explorados pela empresa para reverter a situação.