A Argentina e o Paraguai manifestaram oposição à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac) recomendasse a candidatura de uma mulher à liderança da Organização das Nações Unidas (ONU). Informações obtidas revelam que a declaração final da cúpula realizada em Honduras, no dia 9, foi ajustada para incluir ambos os países. O comunicado resultante afirmou que a Celac considera “oportuno e adequado” que o próximo secretário-geral seja de origem latino-americana ou caribenha, mas não fez uma sugestão direta a respeito de uma mulher para o cargo.
Apesar das modificações, Argentina e Paraguai não concordaram com a declaração e, assim, não fazem parte dos 30 países que assinaram o documento final, que foi adotado com “consenso suficiente”. O Paraguai denunciou uma “clara violação ao procedimento” da Celac por ter apresentado a declaração sem o consenso de todos os 33 países membros.
Além de Paraguai e Argentina, a Nicarágua também não assinou o texto, alegando a expectativa de um conteúdo mais ambicioso, conforme reportado por fontes diplomáticas. O governo paraguaio, em sua declaração, ressaltou que “a figura de ‘suficiente consenso’ não existe no direito internacional”, levantando questões sobre a postura da presidência temporária do blocos, que na ocasião era liderada por Honduras.
Um dos principais pontos de desavença na declaração final foi a condenação às medidas coercitivas unilaterais, que contrariam o Direito Internacional, incluindo restrições ao comércio internacional, em referência às políticas implementadas durante a administração de Donald Trump. Quando questionada, a chancelaria paraguaia declarou que o texto final da cúpula “não reflete as diretrizes da política exterior do Paraguai”.
