14 abril 2025
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Armas de Caça Pré-Históricas de 7.000 Anos Revelam Segredos Fascinantes

Um conjunto de armas de caça, datado aproximadamente de 7.000 anos, foi descoberto em uma caverna no oeste do Texas, nos Estados Unidos. Esse achado pode representar o sistema de armas mais antigo encontrado intacto na América do Norte. Os artefatos incluem pontas de dardos, fragmentos de lanças, um bumerangue retilíneo, hastes que provavelmente eram utilizadas para aplicar veneno, além de uma pele de animal dobrada, revelando um cotidiano que permaneceu praticamente inalterado por milênios.

As escavações ocorreram na San Esteban Rockshelter, uma formação rochosa próxima à cidade de Marfa, na região de Big Bend. Os arqueólogos acreditam que um caçador pré-histórico se refugiou ali, reacendeu uma fogueira e avaliou seu equipamento de caça, descartando itens quebrados antes de prosseguir. Esses restos permaneceram preservados no ambiente seco da caverna até serem redescobertos anos depois.

A importância dessa descoberta reside na raridade dos materiais, especialmente dos artefatos de madeira, que geralmente se deterioram com o tempo. O conjunto é notável pela sua completude, contendo quase todas as peças que formavam um sistema modular de dardos, utilizado com um atlatl, um dispositivo de lançamento. Entre os itens, foram encontradas seis hastes de madeira com pontas de pedra, quatro pontas de madeira dura que possivelmente foram utilizadas com veneno, partes do atlatl e quatro encaixes traseiros de dardos. Embora nenhum dos componentes esteja inteiro, o estado de preservação é adequado para que especialistas possam reconstruir sua função e design.

O bumerangue retilíneo é outro achado interessante. Diferente dos bumerangues que retornam ao lançador, este tipo de arma foi projetado para voar em linha reta e atacar pequenos animais. Pesquisadores explicam que essas armas, moldadas com calor, eram pesadas o suficiente para incapacitar presas e são conhecidas em diversas partes do mundo desde pelo menos 30 mil anos atrás.

Além dos instrumentos de caça, os pesquisadores descobriram vestígios de fogueira, fragmentos ósseos e coprólitos, que são fezes humanas fossilizadas. Esses materiais podem fornecer informações sobre a dieta, o ambiente e até mesmo o DNA dos habitantes daquela época. A realização de testes genéticos em tais resíduos requer autorização de comunidades indígenas locais.

Um item notável encontrado foi uma pele dobrada de pronghorn, um animal semelhante a um antílope nativo da América do Norte. Esta pele estava curtida e conservava pelos, sugerindo que foi utilizada como parte do equipamento de caça. Pequenos furos ao longo das bordas indicam que ela poderia ter sido esticada em uma armação para amaciamento, uma técnica comum entre os povos que habitavam as planícies.

Apesar da riqueza dos materiais encontrados, ainda há incertezas sobre se todos os objetos pertenceram a um único caçador em uma única ocasião ou se foram deixados em períodos distintos. Análises de radiocarbono sugerem que algumas peças são mais antigas que outras, o que poderia estar relacionado à reutilização de madeira mais velha, um desafio recorrente na arqueologia conhecido como “problema da madeira antiga”.

O estudo, realizado por arqueólogos do Center for Big Bend Studies e da University of Kansas, ainda não foi publicado na íntegra. A equipe planeja retornar à caverna em breve para continuar as escavações. As descobertas feitas até o momento permitem que os cientistas formem um retrato vívido e raro da vida dos primeiros habitantes da América do Norte, uma narrativa composta por paus, pedras, fogo e pele, que ficaram esquecidos na caverna por milênios.

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