Contar 60 anos de história em um evento de pouco mais de duas horas representa um desafio significativo, onde alguns talentos acabam sendo lembrados enquanto outros, de relevância histórica, ficam à margem. Isso foi evidente na celebração da emissora de TV, que ocorreu recentemente. A ausência de alguns nomes que contribuíram para a construção da trajetória da emissora levantou questionamentos sobre a seleção dos homenageados.
A falta de menção a diretores respeitados como Daniel Filho e Dennis Carvalho, e a Jayme Monjardim, renomado por suas contribuições visuais em novelas, gerou especulações. Wolf Maya, que foi fundamental para o sucesso das novelas no horário das 19h na década de 1990, também não recebeu reconhecimento. Marlene Mattos, uma das diretoras mais influentes da emissora, mereceu uma citação em formato de humor, mas sua importância justificaria um tributo mais robusto. Guta Mattos, que teve um papel crucial na seleção de elenco durante muitas décadas, não foi mencionada.
Recentes ex-integrantes da emissora, que anteriormente alcançaram grande notoriedade, foram lembrados de maneira superficial. O trabalho de Gloria Perez em novelas como “Barriga de Aluguel” e “O Clone”, assim como as criações de Silvio de Abreu, não puderam ser ignorados. Se houvesse um reconhecimento formal no ambiente de trabalho da emissora, ambos deveriam estar entre os primeiros.
O evento também deixou de fora atrizes como Maria Zilda, Laura Cardoso e Ana Paula Arósio, assim como vários outros nomes do cenário artístico. No caso de Cássia Kiss, especula-se que suas postagens polêmicas nas redes sociais possam ter influenciado sua ausência. Entre os atores, nomes renomados também não foram convidados. O músico Orlando Moraes, marido de Gloria Pires, expressou seu descontentamento nas redes sociais diante do espaço limitado reservado à artista, que foi homenageada de forma restrita.
A emissora, ao olhar para o futuro, parece ter negligenciado talentos mais recentes que brilharam em seus estúdios e hoje trilham novos caminhos. Exemplos notáveis incluem Marina Ruy Barbosa e Bruna Marquezine. Já Juliana Paes, que conquistou o público recentemente através da Netflix, estava presente e demonstrou alegria ao ser vista na tela. Valéria Valenssa, uma figura icônica do carnaval da emissora, não foi mencionada, possivelmente devido a um movimento de consciência política que parece não permitir recordar fases passadas consideradas mais liberais.
A lista de homenageados incluiu apenas dois nomes que são amplamente reconhecidos por suas contribuições ao audiovisual brasileiro: Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. A primeira, destacada por sua atuação em diversas novelas e no cinema, mereceria uma homenagem que refletisse sua vasta contribuição. Por sua vez, Fernanda Torres também deixou sua marca com performances memoráveis. Ambas estão distantes do foco, mas deveriam ter recebido reconhecimento mais significativo que o destinado a Regina Duarte, que fez uma participação curta em um clipe sem grande impacto.
Portanto, mesmo diante da complexidade de homenagear tantos ícones, é nítido que algumas contribuições ficaram à deriva, refletindo a dificuldade em abranger a rica história da televisão no Brasil.