A pressão sobre as faculdades privadas nos Estados Unidos tem crescido, especialmente diante de uma ordem executiva prevista para desmantelar o Departamento de Educação. O cenário atual indica que o setor de ensino superior está entre os alvos da administração federal. A recente suspensão de um congelamento de fundos federais, além da pressão legislativa para impor impostos sobre os endowments das instituições mais ricas, forçou as universidades a reevaluarem seus planos financeiros.
O número excessivo de quase 6.000 faculdades e universidades nos Estados Unidos já enfrentava desafios significativos, e as previsões demográficas indicam uma queda acentuada no número de estudantes do ensino médio que se formam no país, com uma continuação dessa tendência por até 15 anos. Especialistas, incluindo líderes de instituições educacionais, alertam que as faculdades tiveram mais de uma década para se preparar para essa diminuição na demanda, mas a interferência política, especialmente com as ações da atual administração, pode ser um fator inesperado que agrava a situação.
Um estudo contínuo, realizado desde 2013, analisa a saúde financeira e a robustez operacional das faculdades privadas nos Estados Unidos. Com base nos dados financeiros mais recentes, 868 instituições que atendem a ao menos 500 alunos foram avaliadas. As análises mostraram que 94 faculdades receberam notas A, um aumento em relação ao ano anterior, enquanto 51 obtiveram A+, incluindo instituições de prestígio como Stanford e Yale. Faculdades menos conhecidas, mas financeiramente sólidas, também se destacaram.
Entretanto, quase 50% das instituições de ensino superior privadas estão classificadas como financeiramente insatisfatórias. Um número expressivo de faculdades depende de mensalidades e enfrenta dificuldades financeiras recorrentes. Um grupo de 148 instituições recebeu nota D, o que as coloca em uma situação financeira crítica.
Recentes tentativas da administração de congelar gastos federais poderiam impactar significativamente as operações de pesquisa nas faculdades, com cortes substanciais em recursos destinados ao National Institute of Health e à National Science Foundation. Tais reduções poderiam levar a perdas anuais significativas para universidades de destaque, afetando sua capacidade de conduzir pesquisas e manter suas operações.
As instituições mais renomadas apresentam uma rede de doadores robusta que pode mitigar os efeitos de um corte nos fundos federais. No entanto, faculdades menores carecem desse suporte financeiro. Por exemplo, uma faculdade histórica depende fortemente de recursos federais e enfrenta desafios significativos devido à sua base de doadores reduzida.
Na maioria das instituições, as mensalidades, moradia e alimentação representam a maior parte da receita operacional. As colaborações com doadores se tornarão cada vez mais necessárias à medida que o apoio federal se reduz. Enquanto algumas faculdades possuem endowments substanciais, até as mais seguras podem enfrentar riscos que ameaçam sua sustentabilidade.
Além das incertezas políticas, as matrículas nas faculdades estão em queda, o que poderá levar ao fechamento de diversas instituições menores. Em 2024, ocorreram ao menos 28 fechamentos de faculdades, com previsões indicando que, em um cenário pessimista, essa situação pode se agravar ainda mais. Estudos demonstram que a diminuição nas taxas de matrícula pode resultar em um número crescente de fechamentos nos próximos anos.
Faculdades que dependem fortemente das mensalidades enfrentam um futuro incerto, especialmente aquelas que se beneficiaram de apoio financeiro durante a pandemia de Covid-19. A saúde financeira das 868 instituições analisadas revela que muitas estão lutando para manter suas operações, dependendo das mensalidades para sobreviver, sem recursos suficientes para enfrentar as dificuldades que se aproximam.
Notas financeiras em relação à saúde de instituições específicas, como uma universidade em Ohio, revelam cortes substanciais e uma margem operacional negativa, evidenciando a fragilidade do setor em um cenário de pressões financeiras e demográficas. Tentativas para reestruturar o orçamento enfrentam desafios significativos em meio ao clima político volátil e à economia em transformação.
