30 maio 2025
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Asteroides Ocultos Próximos a Vênus Podem Representar Ameaças

Embora a maioria dos asteroides no sistema solar esteja situada entre Marte e Júpiter, existem outros corpos que compartilham as órbitas dos planetas. Um exemplo são os 20 asteroides já reconhecidos que coorbitam com Vênus, movendo-se em trajetórias similares. Embora esses objetos não apresentem uma ameaça direta a Vênus, eles podem cruzar a órbita da Terra, tornando-se potencialmente perigosos.

Um estudo recente, liderado por Valerio Carruba da Universidade Estadual Paulista, indica a presença de uma população ainda desconhecida desses asteroides. Muitos deles permanecem ocultos pelo brilho solar, o que dificulta sua detecção por telescópios terrestres. A pesquisa foi submetida para publicação na revista Astronomy and Astrophysics e pode ser acessada no repositório arXiv.

O estudo classifica como potencialmente perigosos aqueles asteroides com mais de 140 metros de diâmetro que passam a menos de 0,05 unidades astronômicas da órbita da Terra, o que equivale a cerca de 7,5 milhões de quilômetros. Esses corpos têm o potencial de impactar o planeta com uma energia equivalente a centenas de megatons de TNT, sendo muito mais potente do que as bombas atômicas utilizadas na Segunda Guerra Mundial.

No estudo, foram simuladas as trajetórias de 26 asteroides “clonados” por um período de 36 mil anos. Os resultados indicaram que alguns desses asteroides têm possibilidade real de colidir com a Terra ao longo do tempo, especialmente aqueles que apresentam órbitas regulares e inclinadas. Além disso, os asteroides coorbitais de Vênus possuem órbitas altamente caóticas, com um tempo de Lyapunov de cerca de 150 anos, o que significa que suas trajetórias se tornam imprevisíveis nesse período.

A detecção desses asteroides é complexa, pois, frequentemente, eles estão muito próximos da linha do Sol no céu, o que impossibilita observações eficazes por telescópios convencionais. Os pesquisadores destacam que a visualização dessas rochas celestes só é viável em determinadas janelas do ano, quando elas alcançam a maior distância angular do Sol e permanecem próximas à Terra.

O estudo também explora a potencialidade do Observatório Vera Rubin, que começará a operar em julho de 2025, e que promete revolucionar a vigilância de objetos próximos da Terra. Embora os autores acreditem que esse telescópio poderá detectar parte desses asteroides, enfatizam a necessidade de um esforço contínuo, possivelmente utilizando sondas espaciais, para mapear essa população ainda invisível de forma abrangente.

Uma das soluções sugeridas é realizar observações a partir da órbita de Vênus, em direção oposta ao Sol. Essa abordagem resolveria o problema do brilho solar e aumentaria as chances de detecção. Os pesquisadores propõem que missões espaciais posicionadas em pontos estratégicos, como os halos L1 ou L2 entre o Sol e Vênus, poderiam fornecer a visibilidade necessária para identificar esses corpos com maior precisão.

Apesar de não haver indícios de um risco imediato, os cientistas alertam que a falta de conhecimento sobre a quantidade e as órbitas desses asteroides representa um desafio significativo para a segurança planetária. Quanto mais cedo esses objetos forem descobertos, maiores serão as chances de desenvolver estratégias eficazes para prevenir impactos potenciais.

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