29 maio 2025
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Ataque em Washington: Desvio de Atenção de uma Tragédia Maior

O atentado que resultou na morte de dois jovens funcionários da Embaixada de Israel em Washington, diante do Museu Judaico da capital americana, representa uma tragédia significativa. As vítimas foram alvejadas por um homem que, segundo testemunhas, gritou “Palestina Livre” e afirmou “eu fiz isso por Gaza”. Essas circunstâncias revelam a gravidade do ato.

A manifestação de antissemitismo não pode ser relativizada. No entanto, é ainda mais preocupante o uso desse tipo de tragédia para justificar novas violências. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, respondeu energicamente, atacando líderes ocidentais e acusando figuras como Emmanuel Macron e Keir Starmer de estarem “do lado errado da humanidade”, uma afirmação que ganhou destaque em reportagens.

Esse tipo de retórica intensifica-se em um momento em que a pressão internacional sobre a condução da guerra por Israel aumentava. Países como França, Reino Unido e Canadá expressaram preocupações sobre o uso desproporcional da força em Gaza, apontando para uma revisão em acordos diplomáticos e comerciais. A União Europeia também indicou que poderia rever os laços com o governo Netanyahu, se as operações militares não fossem suspensas. Essa possível redireção da narrativa estava começando a se formar, mas o ataque em Washington mudou o foco, alimentando sentimentos de medo e justificando uma postura ainda mais rígida tanto internamente quanto externamente.

Em Gaza, a situação é crítica, com 2,3 milhões de pessoas vivendo sob um bloqueio que ocasionou uma grave crise alimentar. A ONU estima que mais de 90% da população enfrenta algum nível de insegurança alimentar, enquanto cerca de 500 mil palestinos sofrem de fome aguda. Apesar de promessas de liberação, a ajuda humanitária não está conseguindo chegar com a eficiência necessária. A dinâmica do terror perpetua mais terror, e cada ato de violência, como o ocorrido em Washington, oferece um pretexto para aumentar a repressão.

O que pode ser aprendido com esse episódio é que a violência tende a gerar mais violência. É importante que as famílias israelenses expressem sua dor, e essa vivência não deve ser minimizada. Contudo, essa dor não pode ser utilizada para justificar massacres. Da mesma forma, o sofrimento dos palestinos não deve ser ignorado em nome de uma segurança seletiva. O repúdio ao terrorismo deve ser um princípio ético, não uma justificativa política.

É essencial que o mundo busque a paz, mas é igualmente importante ter a coragem de rejeitar a lógica do medo, que transforma o luto em munição e legitima a utilização da dor como ferramenta de propaganda.

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