8 abril 2025
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Ataques de leões-marinhos a banhistas na Califórnia: Entenda os Motivos

Leões-marinhos, conhecidos por sua curiosidade e comportamento brincalhão, têm causado surpresa e preocupação ao atacar banhistas nas águas da costa sul da Califórnia. Em um incidente ocorrido em 30 de março, uma jovem de 15 anos, de Long Beach, sofreu um ataque em seu braço direito enquanto nadava. Ela relatou ter sentido um grande temor e dor intensa, que resultou em várias mordidas, hematomas e arranhões, embora não tenha necessitado de suturas. Em outro evento, registrado em 21 de março, um surfista na área de Ventura sofreu uma mordida em águas abertas, o que o deixou bastante abalado. O surfista descreveu a situação, afirmando que o leão-marinho surgiu da água em alta velocidade, apresentando uma expressão ameaçadora.

Os ataques dos leões-marinhos estão sendo atribuídos a um quadro de intoxicação por ácido domoico, que tem origem na proliferação de algas tóxicas, um fenômeno conhecido como “maré vermelha”. Especialistas alertam que esses animais estão sendo envenenados pelo ambiente marinho. Estudos indicam que um número sem precedentes de leões-marinhos está doente, com muitos morrendo em consequência disso. O CEO do Marine Mammal Care Center, em Los Angeles, afirmou que muitos dos animais encontrados encalhados estão em estado crítico, revelando uma situação que parece ter se agravado.

Quando a toxina neurológica entra na cadeia alimentar dos leões-marinhos, esses animais enfrentam problemas respiratórios e convulsões. Uma reação específica é conhecida como “observação das estrelas”, onde eles esticam a cabeça de forma anormal. Em decorrência da intoxicação, os leões-marinhos podem se comportar de forma agressiva ou com medo, o que pode culminar em interações perigosas para aqueles que se aproximam deles. O centro marinho recebe anualmente entre 3.000 a 4.000 chamadas sobre animais doentes. Contudo, nas últimas semanas, mais de 2.000 chamadas foram registradas, um número considerado alarmante.

A presença de ácido domoico no Oceano Pacífico é natural, mas um fenômeno chamado ressurgência tem exacerbado a situação, impulsionando a toxina na cadeia alimentar. Esse processo ocorre quando os ventos movimentam as águas rasas, promovendo a mistura de nutrientes que servem de alimento para várias espécies aquáticas. As mudanças climáticas contribuíram para o crescimento dessas algas tóxicas, ao elevar a temperatura e acidez das águas, além de fertilizantes agrícolas que se acumulam nos oceanos.

Em 2023, o Marine Mammal Care Center reportou o pior evento relacionado a florações de algas da história registrada no sul da Califórnia. A quantidade de animais doentes aumentou, intensificando as dificuldades de recuperação, com muitos animais encalhados nas praias. As estimativas indicam que só entre 50% e 65% dos afetados conseguirão se recuperar e retornar ao mar. Os níveis de toxicidade nas águas estão mais altos em relação aos anos anteriores, dificultando o tratamento de alguns leões-marinhos.

Quando se trata de leões-marinhos em tratamento, uma significativa porcentagem está prenha. O ácido domoico pode forçar as fêmeas a expulsarem seus fetos devido à intoxicação, o que ameaça suas taxas de sobrevivência. Apesar de a população de leões-marinhos ainda ser considerada robusta, essa situação pode impactar o futuro da espécie. Além disso, a crescente incidência de filhotes encalhados representa um problema alarmante.

Para tratar os leões-marinhos, o centro marinho se concentra em remover a toxina e fornecer os medicamentos necessários para prevenir danos cerebrais. O tratamento inclui a administração de fluidos e nutrição através de sonda inicialmente, procedimento de suporte que, em condições normais, permite que os animais retomem a alimentação dentro de uma semana. No entanto, neste ano, a recuperação tem se mostrado mais prolongada e complexa.

No que diz respeito aos golfinhos, a intoxicação pelo ácido domoico é frequentemente fatal. O ano de 2023 foi marcado por um aumento significativo no número de golfinhos encalhados, com mais de 70 incidências apenas no Condado de Los Angeles. A reabilitação para esses animais costuma ser inviável, levando frequentemente à necessidade de eutanásia, uma prática que teve aumento de recorrência.

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