O líder da oposição na Alemanha, Friedrich Merz, se comprometeu nesta quinta-feira, 23, a adotar medidas mais rigorosas nas políticas de imigração e segurança se for eleito chanceler. A declaração foi feita um dia após um ataque a faca em Aschaffenburg, localizado no sul do país, que resultou na morte de duas pessoas. O acusado, um homem afegão de 28 anos, foi detido no local do crime.
Merz, que lidera as pesquisas com sua aliança conservadora de centro-direita, afirmou que não permitirá que incidentes como o de Aschaffenburg se tornem comuns na Alemanha. Ele defendeu a expulsão de “todos os imigrantes ilegais”, abrangendo até aqueles que buscam proteção, e se mostrou disposto a interditar a entrada de indivíduos sem documentos válidos.
O político também sugeriu um aumento no número de centros de detenção para imigrantes ilegais, utilizando espaços como armazéns desocupados ou quartéis inativos. Além disso, ele propôs que imigrantes irregulares que forem detidos pela polícia cometendo delitos e que não aceitarem deixar o país “devem ser mantidos sob custódia e deportados o mais rápido possível”.
Merz criticou as normas de asilo e migração da União Europeia, chamando-as de “disfuncionais”. O opositor prometeu que, se assumir o cargo, instaurará controles permanentes nas nove fronteiras da Alemanha com seus países vizinhos.
O ataque em Aschaffenburg se soma a uma série de episódios violentos registrados em toda a Alemanha, gerando uma pressão crescente por medidas de segurança mais rígidas. Esse cenário tem contribuído para o crescimento da extrema direita, com o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), sob vigilância por suas tendências neonazistas, alcançando o segundo lugar nas intenções de voto.
Em reação ao incidente, o chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata, que atualmente ocupa a terceira posição nas pesquisas, convocou uma reunião de emergência com sua ministra do Interior, Nancy Faeser, juntamente com os chefes da polícia e dos serviços de inteligência. Scholz descreveu o evento como um “ato de terror inacreditável” e expressou sua frustração com a repetição de ataques violentos por indivíduos que vieram à Alemanha em busca de segurança.
Faeser, por sua vez, reconheceu que o sistema da União Europeia — que determina que os pedidos de asilo sejam tratados no país de entrada do imigrante — não tem funcionado de maneira eficaz, apesar de ter justificado as ações de deportação realizadas por seu ministério. Ela ainda alertou Merz para não usar o ataque como uma plataforma para ganho político, argumentando que isso favoreceria a extrema direita nas eleições de fevereiro, convocadas após o colapso da coalizão de Scholz no ano anterior.
O prefeito de Aschaffenburg, Jürgen Herzing, reprovar a ideia de responsabilizar toda uma nação pelo ato de um única pessoa. Ele pediu à sociedade que, apesar da ira e da tristeza, evite que esse episódio resulte em mais violência e ódio.