Dezenove anos após a oferta pública inicial na Bolsa de Toronto em 2006 e cinco anos depois do início da emissão de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) na B3, a mineradora canadense Aura Minerals, que opera no Brasil, decidiu proceder com a abertura de capital nos Estados Unidos. O processo de listagem foi anunciado no relatório de resultados do primeiro trimestre, divulgado na manhã de 6 de maio. De acordo com a empresa, a minuta de registro foi enviada de forma confidencial à Securities and Exchange Commission (SEC).
A companhia informou que a proposta de oferta pública envolve o registro e a listagem das ações ordinárias nos Estados Unidos, observando que a efetivação da oferta depende da conclusão do processo de análise pela SEC, assim como da existência de condições favoráveis de mercado. A mineradora destacou que a possível listagem se alinha com sua estratégia de maximização de valor para os acionistas, visando aumentar a liquidez das ações e consolidar sua presença no mercado de capitais dos Estados Unidos.
Até o momento, a empresa não definiu o volume de ações ordinárias a serem ofertadas nem a faixa indicativa de preço para a oferta. Em uma conferência com investidores e analistas, o CEO comentou sobre o assunto, mas não forneceu detalhes específicos. Ele afirmou que o percentual de ações em circulação dependerá do preço das ações e da quantidade disponível para negociação.
O movimento em direção à listagem americana ocorre em um contexto de preços recordes do ouro, que ultrapassaram a marca de US$ 3,5 mil a onça troy no final de abril. Fatores geopolíticos, como tarifas implementadas pelo governo dos Estados Unidos, também influenciam a valorização do metal. O CEO observou que há outras formas de investimento além do dólar, mencionando o aumento das reservas de ouro por parte da China.
No balanço financeiro referente ao primeiro trimestre de 2025, a Aura reportou uma receita líquida de US$ 161,8 milhões, representando um aumento de 23% em relação aos US$ 123 milhões do mesmo período de 2024. O lucro líquido ajustado também cresceu, alcançando US$ 26,9 milhões, um aumento de 136%.
Entretanto, houve uma queda no volume de vendas, com a empresa comercializando 60,5 mil onças, 12% a menos do que as 69 mil onças do primeiro trimestre de 2024. Essa diminuição é atribuída ao aumento do preço do ouro durante o período, que registrou alta de 39% na comparação ano a ano. O EBITDA ajustado foi de US$ 81,47 milhões, apresentando um crescimento de 53% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior.
A empresa reporta crescimento financeiro mesmo diante da queda na produção, que foi de 7% nas quatro minas que opera, situadas em dois locais no Brasil, um em Honduras e um no México. A queda na produção é atribuída à diminuição no teor do mineral.
No relatório, a Aura confirmou o início do ramp-up do projeto Borborema, localizado no Rio Grande do Norte, com previsão de início da produção comercial no terceiro trimestre. Além disso, anunciou que a autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a alteração do traçado da BR-226, que passa sobre a mina, deve ocorrer entre o terceiro e quarto trimestres.
Para 2025, a mineradora espera produzir entre 266 mil e 300 mil onças, o que deve gerar uma receita entre US$ 901 milhões e US$ 1 bilhão, considerando a cotação atual de US$ 3,39 mil a onça troy. Na bolsa canadense, as ações daAura registraram uma valorização de 55,14% no acumulado de 2025, com um aumento de 156% nos últimos 12 meses, avaliando a companhia em US$ 1,53 bilhão. A empresa não forneceu comentários adicionais quando contatada para esclarecer mais sobre a operação nos Estados Unidos.