21 fevereiro 2025
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Avião que caiu em SP em 2021 ultrapassou peso máximo permitido, revela Cenipa

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou recentemente um relatório a respeito de um acidente de uma aeronave de pequeno porte que resultou na morte de cinco membros de uma mesma família em setembro de 2021, em Piracicaba, São Paulo. O piloto e o copiloto também perderam a vida no incidente. Segundo o relatório, a aeronave era um Beechcraft King Air B200GT, que apresentava um histórico de problemas relacionados às hélices. Foi apontado que, no momento do acidente, a aeronave estava excessivamente pesada, pesando 623 quilos (1.374 libras) acima do limite estipulado pelo fabricante.

A investigação revelou que, aproximadamente três meses antes do acidente, a hélice esquerda da aeronave precisou ser retirada para reparos por conta de parafusos de lubrificação quebrados. Além disso, no dia do acidente, a aeronave estava sobrecarregada, o que levou à crença entre o proprietário e os pilotos de que o King Air poderia operar acima do peso permitido sem comprometer a segurança. Durante o voo, notou-se um aumento na rotação de uma das hélices, que foi interpretada pelo piloto como um “disparo de hélice”. No entanto, os dados recolhidos do gravador de voz indicaram que essa variação estava dentro dos limites operacionais e não representava um problema mecânico real.

No intento de resolver a situação, o piloto reduziu a potência e acionou a hélice direita na posição de “passo bandeira”, modo em que as lâminas da hélice não geram tração. Essa manobra ocorreu quatro segundos antes do impacto, impossibilitando a recuperação do controle da aeronave, que já se encontrava em estol, ou seja, uma condição de perda de sustentação. A levantada investigação também revelou que a aeronave, que foi adquirida em 2019, acumulara 268 horas de voo até o momento do acidente e passou por diversas manutenções.

Foi observado, em uma inspeção de 50 horas realizada um ano após a compra da aeronave, um aumento anormal na rotação das hélices, o que gerou intervenções iniciais. Testes realizados nos motores não mostraram falhas mecânicas que comprometessem o funcionamento do aparato. Entretanto, entre agosto e setembro de 2021, pouco antes do acidente, os limites de RPM das hélices foram ajustados devido a discrepâncias nos motores, alterando a rotação máxima de 1.950 RPM para 1.990 RPM. O relatório ainda mencionou inconsistências nas documentações de manutenção, sugerindo possíveis falhas nos registros e na qualidade dos serviços realizados.

Na conclusão do relatório, o Cenipa categoriza o acidente como uma “Perda de Controle em Voo”, ressaltando que a junção do peso excessivo, uma interpretação incorreta do problema e decisões inadequadas frente ao evento foram fatores que contribuíram para o desfecho trágico. O relatório também mencionou que a falta de treinamento específico para situações de emergência pode ter afetado a atuação do piloto, que, embora tivesse experiência em outras aeronaves, pode ter aplicado um procedimento inadequado ao modelo B200GT.

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