O Banco Central da Argentina concedeu autorização para que os comerciantes aceitem pagamentos em dólar. Essa nova medida começou a ser aplicada na última sexta-feira, 28 de fevereiro, mas devido ao feriado de Carnaval, o dia 5 de março é o primeiro dia útil em que os cidadãos poderão usufruir dessa opção. De acordo com a determinação do Banco Central, as operadoras de maquininhas devem incluir a alternativa de pagamento em dólar, além do peso argentino.
Conforme divulgado pela mídia argentina, a implementação do sistema que permite transações em ambas as moedas será realizada de forma gradual. A adesão dos comerciantes a essa mudança é voluntária, e ainda há adquirentes que não completaram as adequações necessárias para aceitar pagamentos na moeda americana. O Mercado Pago, uma das plataformas financeira do Mercado Livre, está entre as empresas que ainda estão em processo de adaptação e que, inclusive, apresentaram sugestões ao Banco Central para otimizar o sistema.
Além disso, tanto os comerciantes quanto os consumidores precisarão ter conta em dólares para essa transação. Os comerciantes devem registrar suas contas com as operadoras para receber os pagamentos, enquanto os consumidores necessitarão de uma conta vinculada ao cartão de débito que será utilizado nas compras. Essa exigência não é considerada um impedimento significativo, já que a desvalorização acentuada do peso argentino nos últimos anos levou um grande número de pessoas a buscar a dolarização. Estima-se que existam 19,1 milhões de contas bancárias em dólares no país.
Alguns setores da economia argentina já operam com uma alta taxa de dolarização, como o mercado imobiliário, de turismo, de bens duráveis e artigos de luxo. Por outro lado, o setor de supermercados e o varejo de alimentos, onde a presença do dólar é menos expressiva, estão iniciando o processo de adaptação às novas diretrizes.
A mídia local ressalta que a aceitação de pagamentos em dólar deve se expandir à medida que comerciantes e operadoras encontrem uma maneira viável de parcelar os valores das compras. Espera-se que as grandes redes de varejo liderem esse movimento, pois, ao contrário do financiamento por bancos, nas compras parceladas com cartão de débito, os comerciantes assumem o risco de não pagamento por parte dos consumidores. Portanto, somente empresas bem capitalizadas estarão em condições de suportar eventuais inadimplências em transações realizadas em dólares.
A autorização para a realização de transações em dólar foi anunciada pelo Banco Central argentino em meados de janeiro, como parte de uma estratégia do presidente Javier Milei para cumprir a promessa de campanha de dolarizar a economia do país e combater a inflação extrema que tem afetado a nação. A proposta, no entanto, enfrenta críticas da oposição, que argumenta que a falta de moeda americana poderá prejudicar ainda mais a economia, caso haja uma migração significativa da população para o uso do dólar em detrimento do peso.
