Em meio a crescentes tensões comerciais, o Banco Mundial alerta para os impactos que isso pode ter sobre os padrões de vida. O economista-chefe da instituição, Indermit Gill, destaca que, sem a correção da trajetória econômica, as consequências poderão ser significativas.
Segundo as estimativas do Banco, o crescimento econômico na América Latina, em 2026, deverá se estabilizar em 2,5%. Para este ano, a expectativa de crescimento global sofreu uma revisão para 2,3%, o que representa uma diminuição de 0,4 ponto percentual em relação às previsões iniciais. Na América Latina e no Caribe, a revisão foi de 0,2 ponto percentual. O relatório de perspectivas econômicas indica que a recuperação na região será lenta.
A análise aponta que as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, bem como a guerra comercial entre os EUA e a China, têm contribuído para uma desaceleração na economia global. Embora o Banco Mundial não preveja uma recessão imediata, alerta que, se as previsões para os próximos anos se confirmarem, o crescimento médio global na década de 2020 poderá ser o mais fraco desde os anos 1960. A demanda interna na América Latina se mantém, mas as exportações enfrentam um enfraquecimento devido ao protecionismo crescente.
A elevação das barreiras comerciais afeta toda a região. O México, a segunda maior economia da América Latina, é um dos países mais impactados, com uma previsão de crescimento de apenas 0,2% para este ano, uma redução significativa. A imposição de tarifas de 25% sobre importações não cobertas pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte tem gerado incertezas, especialmente considerando que aproximadamente 80% das exportações do México são destinadas aos Estados Unidos.
O Brasil também será afetado por essas dinâmicas, com a expectativa de crescimento ajustada para 2,4% em 2025, abaixo da previsão anterior de 3,4% para 2024. Esse cenário é atribuído a um consumo reduzido e a um investimento em desaceleração.
A situação da Argentina destaca-se com uma previsão de crescimento de 5,5% para este ano, impulsionada pelos setores de agricultura, energia e mineração. A recuperação argentina é esperada com base em uma estabilização macroeconômica e reformas que melhoram a confiança do consumidor e do investidor.
As previsões de crescimento para países latino-americanos variam, sendo de 2,5% para a Colômbia, 2,1% para o Chile, 2,9% para o Peru, e 3,5% para a Costa Rica, entre outros. A inflação se mantém próxima aos limites estabelecidos pelos Bancos Centrais, especialmente no Brasil e na Colômbia, o que limita a possibilidade de redução das taxas de juros.
Taxas de juros elevadas podem impactar negativamente o consumo e o investimento, aumentando a pressão sobre os preços. O desafio para a região é manter a inflação controlada, considerando riscos como um possível declínio da economia dos Estados Unidos, que tem efeito em cadeia sobre outros mercados, além das dificuldades nas remessas enviadas por migrantes a países da América Central e do Caribe, onde esses recursos representam uma parte significativa do PIB.