12 junho 2025
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Bancos Privados Exigem Revisão de Aumentos Fiscais e Reformas Estruturais Urgentes

O painel dos presidentes dos principais bancos do Brasil, realizado na Febraban Tech 2025, abordou o futuro da indústria financeira na era da Inteligência Artificial. No entanto, os executivos das instituições privadas também se concentraram na política fiscal brasileira, especialmente quanto aos planos do governo de aumentar tributos para cumprir as metas do resultado primário deste ano.

O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, foi um dos principais a manifestar suas preocupações, ressaltando que o esforço do governo em atender às metas fiscais requer uma revisão da estrutura de despesas. Sallouti questionou por que essa revisão ainda não foi iniciada, argumentando que buscar maior eficiência nos gastos orçamentários deveria ser uma prioridade, independentemente do contexto eleitoral, pois isso beneficiaria o país como um todo.

Ele destacou que a resposta da sociedade aos planos do governo indica que não há espaço para novas tentativas de aumentar a arrecadação, pois isso impactaria negativamente o potencial do PIB. Sallouti alertou que a proposta de aumento de impostos geraria efeitos adversos, como o aumento do chamado “Custo Brasil”.

Seguindo a mesma linha, o CEO do Santander Brasil, Mario Leão, enfatizou que as discussões sobre os planos do governo devem ser acompanhadas por um debate mais amplo sobre reformas estruturais necessárias para a saúde fiscal do país. Ele previu que as discussões nesse sentido poderiam avançar ainda este ano, mas realçou que mudanças significativas provavelmente ocorrerão apenas em 2026, após as próximas eleições.

Leão argumentou que é imprescindível abordar questões históricas, que não são exclusividade de um lado político, mas que precisam ser enfrentadas de forma decisiva. Ele mencionou que, embora os bancos enfrentem desafios, a colaboração da indústria é fundamental para impulsionar essas reformas rapidamente.

O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, enfatizou a necessidade de engajamento de todos os envolvidos na discussão, destacando que as soluções devem considerar o longo prazo. Ele apontou que é essencial olhar para além dos interesses individuais.

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, também levantou a questão do engajamento da sociedade. Ele defendeu a criação de uma agenda que priorize ajustes do lado da despesa em vez de do lado da receita, sublinhando a importância de superar a polarização política ao abordar essas questões.

Noronha ainda abordou a questão da regulação e seu impacto diferenciado em bancos estabelecidos e novas fintechs, um tema de grande relevância para os bancos representados pela Febraban. Ele observou que os grandes bancos detêm mais de 96% da carteira de crédito expandida do país e defendeu a necessidade de regras mais simétricas para promover uma competição mais justa no setor.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também comentou sobre a regulação, ressaltando a intenção de ampliar o “perímetro regulatório” da instituição para se adaptar à evolução do mercado financeiro e garantir a estabilidade, especialmente com o aumento de novos participantes na concessão de crédito.

Galípolo refutou críticas de que o Banco Central busca poderes excessivos, enfatizando que essa ampliação faz parte de uma evolução natural da atuação da autoridade monetária, que permanece responsável diante da sociedade e das instâncias governamentais. A revisão do crédito imobiliário é um dos focos da nova agenda do Banco Central, visando criar um modelo alternativo de financiamento que responda às mudanças nos mercados de capitais e normalize a situação atual do setor.

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