Criada em 2000 pelo bilionário Bill Gates e Melinda Gates, a Fundação Gates, inicialmente conhecida como Fundação Bill & Melinda Gates, já destinou mais de US$ 100 bilhões para ações filantrópicas. Recentemente, no entanto, foi anunciado um prazo para o encerramento das atividades da instituição.
Gates estabeleceu a data de 31 de dezembro de 2045 para o fim da Fundação Gates. Nesta data, ele terá 90 anos e pretende que a fundação tenha recebido um total de US$ 200 bilhões para suas iniciativas filantrópicas.
A comunicação sobre o encerramento foi feita em uma entrevista ao The New York Times. A Fundação Gates completa 25 anos em 8 de maio, um marco que ocorre em um momento em que o apoio à ajuda humanitária nos Estados Unidos está diminuindo, especialmente com a volta de Donald Trump ao poder.
Gates expressou preocupações sobre a redução dos fundos destinados a causas humanitárias, afirmando que, nos próximos quatro a oito anos, o financiamento real para essas áreas deverá cair significativamente.
Um estudo recente publicado na revista científica The Lancet indica que os cortes nos investimentos do programa Pepfar, criado em 2003 para tratar e prevenir o HIV, podem levar à morte de 500 mil crianças até 2030. Gates tem se concentrado em combater essa falta de recursos e prioridades.
Ele comentou que não esperava que o governo americano reduzisse o financiamento do Pepfar ou do combate à poliomielite sem a participação do Congresso. Gates se comprometeu a lutar por mudanças nessa situação, evidenciando os grandes desafios que a sua fundação enfrenta.
Além das preocupações com os Estados Unidos, Gates destacou que a situação no Reino Unido também se deteriorou, com os gastos com solidariedade caindo de 0,7% para 0,3% do PIB sob o governo atual. Ele apontou que países como Alemanha e França também estão cortando suas despesas em ajuda internacional.
Gates criticou diretamente Elon Musk, argumentando que o empresário está contribuindo para a diminuição significativa do orçamento da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid). Musk chegou a descrever a Usaid como “um ninho de vermes”.
O bilionário observou que os cortes orçamentários para a Usaid são muito mais drásticos do que o esperado, passando de uma redução de 20% para cerca de 80%. Essa mudança foi uma surpresa até mesmo para Gates.
Diante desse cenário, Gates está ampliando seus investimentos sociais para maximizar o impacto em duas décadas. Se a fundação não estivesse com essa perspectiva de encerramento, os gastos anuais poderiam ser reduzidos significativamente.
As ações prioritárias da fundação até o prazo final incluem a redução da mortalidade infantil e materna, o combate à tuberculose e malária, além da busca pela cura da Aids, com o uso de Inteligência Artificial.
Com a nova abordagem para a fundação, que originalmente visava garantir sua operação por 50 anos após sua morte, Gates acredita que indivíduos com grande riqueza devem se envolver mais na filantropia. Ele espera que exemplos positivos inspirem outros a agir.
Gates, que por muitos anos foi classificado como o homem mais rico do mundo, atualmente tem um patrimônio líquido de US$ 112,8 bilhões, ocupando a 13ª posição no ranking global segundo a Forbes. Elon Musk lidera a lista com uma fortuna estimada em US$ 342 bilhões.
