Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Márcio Bittar protocolou um requerimento solicitando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os Correios. No último ano, a empresa registrou um prejuízo de 3,2 bilhões de reais.
O senador é incentivado por Bolsonaro a exercer pressão sobre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que detém a autoridade para decidir se a comissão será constituída ou não. Caso essa pressão não obtenha resultados positivos, os apoiadores de Bolsonaro consideram a possibilidade de buscar uma intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em meio a acusações, a oposição está organizando esforços para que o Senado estabeleça uma CPI dos Correios. Para persuadir Alcolumbre, Bolsonaro sugeriu que Bittar busque apoio político do presidente do Senado, uma vez que, segundo apoiadores do ex-presidente, ele demonstra interesse em continuar na presidência do Senado para obter um novo mandato. Sabe-se que, segundo os bolsonaristas, a direita deverá ocupar a maioria dos assentos no Senado a partir de 2026, e Alcolumbre precisará do suporte desses parlamentares para garantir sua reeleição.
Os apoiadores de Bolsonaro, no entanto, reconhecem que convencer Alcolumbre pode ser um desafio, especialmente porque ele tem evitado conflitos com o governo do atual presidente Lula. Se essa resistência continuar, há a possibilidade de os bolsonaristas protocolarem um recurso no STF, o que geraria uma situação curiosa. Em 2021, o então presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, se recusou a instaurar uma CPI da Covid, solicitada pela oposição ao governo Bolaonaro. Naquele contexto, o senador Alessandro Vieira acionou o Supremo, invocando direitos da minoria, e o pedido foi aceito pelo ministro Luís Roberto Barroso. Os bolsonaristas consideraram essa decisão uma interferência inadequada do Judiciário nas funções do Legislativo.
Os Correios, que possuem aproximadamente 85.000 funcionários e 10.472 agências, enfrentam uma série de resultados financeiros negativos. Para a oposição, a atual gestão de Fabiano Silva dos Santos, presidente da estatal, é responsabilizada pelos prejuízos, seja devido a decisões inadequadas ou a iniciativas suspeitas. Bittar menciona que a CPI serviria, por exemplo, para esclarecer o motivo pelo qual a empresa decidiu não prosseguir em uma ação trabalhista que resultou em um pagamento de 614 milhões de reais.
Outra decisão que está sendo questionada refere-se a um acordo no qual os Correios assumiram uma dívida de 7,6 bilhões de reais do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários. Esse acordo teria gerado honorários milionários para o escritório de advocacia que atuou no caso, o mesmo no qual o presidente dos Correios foi um dos sócios. Santos, por sua vez, nega qualquer tipo de ilegalidade.