Horas após ser considerado réu pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com seus apoiadores e concedeu duas entrevistas, nas quais negou qualquer envolvimento em uma suposta conspiração golpista após as eleições de 2022. Ele também sugeriu que existe um fator pessoal em sua contração judicial.
Durante as entrevistas, Bolsonaro criticou a falta de transparência nos inquéritos e defendeu que as acusações contra ele são infundadas. Ele mencionou ter sido alvo de uma conspiração por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a última eleição, quando era presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, e declarou que está sendo perseguido persistentemente pelo relator do processo. “A maneira incisiva com que o ministro Alexandre de Moraes conduz isso levanta suspeitas”, afirmou.
A abertura da ação penal no STF marca um novo capítulo no confronto entre Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes. A postura agressiva do ex-presidente contrasta com a abordagem de alguns de seus aliados, que sugerem que seria mais prudente evitar conflitos com a Suprema Corte neste momento.
Embora a situação seja tensa, assessores de Bolsonaro tentam atenuar o impacto de suas declarações, recordando críticas feitas pelo presidente Lula ao ex-juiz Sergio Moro, que o condenou em um caso de corrupção. Em depoimentos, Lula desafiou Moro, destacando se poderia olhar em seus filhos e afirmar que se submeteu a um juiz imparcial.
Em várias ocasiões, Lula chamou o ex-juiz de termos pejorativos e fez duras críticas à força-tarefa da Lava-Jato, a qual considerou uma organização criminosa. Ele, inclusive, afirmou estar em guerra contra a grande mídia. Ao trazer à tona estas declarações de Lula, aliados de Bolsonaro buscam sustentar que a firme reação do ex-presidente não é inédita, talvez até alimentando a esperança de que seu resultado final seja semelhante ao de Lula, que, após passar um período na prisão, recuperou seus direitos políticos e foi reeleito.
