O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores disseminam, nesta segunda-feira, 7, a versão de que a manifestação na Avenida Paulista, ocorrida no domingo, reuniu um milhão de pessoas. No entanto, os dados oficiais sobre o evento indicam uma presença máxima de 55 mil participantes. Bolsonaro declarou nas redes sociais: “Representantes de pelo menos oito partidos. Padres, pastores, líderes de todas as religiões. E mais de um milhão de brasileiros, homens e mulheres de bem. Todos unidos na Avenida Paulista pelo mesmo propósito”, distorcendo assim o número real em mais de 20 vezes.
Os apoiadores de Bolsonaro, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que reside nos Estados Unidos e não compareceu ao ato, também repetiram a alegação de um milhão de manifestantes em suas postagens nas redes sociais.
Além disso, aliados do ex-presidente, antes mesmo da divulgação oficial dos números, fizeram ironias em relação aos órgãos oficiais e institutos de pesquisa, tentando descreditar os dados que seriam apresentados. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, compartilhou imagens aéreas da manifestação com o comentário: “doze pessoas, segundo o DataFolha”.
No final do dia 6, um levantamento realizado pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e pela ONG More in Common estimou que a manifestação na Avenida Paulista teve cerca de 44.900 participantes. Essa estimativa foi baseada em análises de imagens de drone capturadas durante o evento, com uma margem de erro de 5.400 pessoas, tanto para mais quanto para menos. Projeções do instituto Datafolha apontaram um número semelhante, com 55.000 pessoas presentes ao ato convocado por Bolsonaro.
A quantidade de manifestantes nas ruas era uma preocupação significativa para os apoiadores de Bolsonaro, que temiam que o ato na Paulista não se comparasse ao desempenho anterior em Copacabana, onde participaram apenas 18.300 pessoas. O evento, além de cobrir a pauta da anistia aos detidos durante os acontecimentos de 8 de janeiro, também serviu como uma demonstração de força política de Bolsonaro, que pretende se posicionar para uma possível candidatura à presidência em 2026, mesmo enfrentando situações jurídicas pendentes.
