O senador Fabiano Contarato e o deputado federal Ubiratan Sanderson debateram, em um programa de televisão na última sexta-feira, sobre a possibilidade da presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na Câmara facilitar a tramitação de um projeto de lei que propõe anistiar os condenados pelos eventos ocorridos em 8 de janeiro. Na quarta-feira anterior, Bolsonaro se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta, com o intuito de discutir a pauta do projeto. A reunião foi uma tentativa do ex-presidente de persuadir Motta a colocar a proposta em votação. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, afirmou que já havia coletado as 257 assinaturas necessárias para que a proposta pudesse seguir em regime de urgência.
Sanderson analisou que a principal questão do projeto não gira em torno de Bolsonaro como figura central. Ele destacou que o papel principal reside no Parlamento brasileiro, no Congresso Nacional, que inclui tanto a Câmara quanto o Senado. O deputado lembrou que a proposta de anistia surgiu no parlamento como resultado de decisões consideradas excessivas por parte da Suprema Corte. Ele enfatizou que a diferença entre um remédio e um veneno está na dosagem, e reiterou que Bolsonaro não seria o beneficiário direto da anistia. Sanderson acredita que a proposta aparece em um momento adequado para promover a paz e a conciliação no país, afirmando que é um instrumento constitucional para a pacificação do Brasil.
Por outro lado, Contarato expressou a opinião de que a presença de Bolsonaro na Câmara não contribui para a tramitação do projeto. Segundo ele, a participação do ex-presidente possui um histórico problemático em relação ao respeito pelas instituições democráticas. O senador argumentou que Bolsonaro sempre atacou a imprensa e demonstrou dificuldade em conviver com a democracia, afirmando que sua conduta incentivou os acontecimentos do dia 8 de janeiro. Além disso, Contarato alerta que a situação torna Bolsonaro réu por suas ações contra a democracia, e questiona qual mensagem seria enviada à população e ao sistema democrático ao considerar uma anistia em suas circunstâncias.
