Nesta terça-feira, 10, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi ouvido pelo Supremo Tribunal Federal em relação a uma alegada tentativa de golpe de Estado, conforme a acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Durante o interrogatório, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso, Bolsonaro também respondeu a questionamentos do ministro Luiz Fux, do procurador-geral Paulo Gonet e dos advogados de defesa dele e de outros réus envolvidos.
Bolsonaro foi o sexto réu a passar pelo processo de interrogatório. Nos dias anteriores, outros ex-integrantes do governo, como o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e o ex-ministro da Defesa, Anderson Torres, também foram ouvidos. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, também prestaram depoimento.
O depoimento do ex-presidente ao Supremo rendeu diversos momentos significativos. Às 16h41, o interrogatório foi encerrado para que, em seguida, um ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, pudesse ser ouvido. Em suas declarações, Bolsonaro afirmou que não pretendia substituir os comandos militares e insinuou que tal mudança poderia ocorrer por meio de uma simples nomeação no Diário Oficial. A Procuradoria argumentou que a resistência dos comandantes militares foi um fator crucial para impedir a concretização do golpe.
Bolsonaro também afirmou ter tomado conhecimento de planos para monitorar e até assassinar o ministro Moraes e o ex-presidente Lula, mas negou qualquer participação nisso, alegando que nunca recebeu informações sobre tais intenções. O ex-presidente também comentou uma reunião com militares, sugerindo que a convocação foi uma simples discussão sobre “hipóteses”.
Sobre um documento apreendido durante a investigação, Bolsonaro fez questão de ressaltar que o texto, supostamente relacionado a um discurso em caso de golpe, foi entregado a ele por seu advogado. Ele negou qualquer colaboração para os eventos do dia 8 de janeiro e leu uma postagem onde repudiava as ações violentas ocorridas.
Nos depoimentos, o ex-presidente alegou que nunca promoveu tentativas de desestabilização e que sua intenção sempre foi a de alertar sobre eventuais irregularidades no sistema eleitoral, baseando suas preocupações em relatórios técnicos de peritos. Em momentos mais leves, ele fez brincadeiras sobre sua relação com o ministro Moraes, embora tenha mantido a acusação de que estava sendo injustamente envolvido em um suposto plano de golpe.
Por fim, durante o interrogatório, o ex-presidente reafirmou não ter tratado de minutas de golpe, alegando que conversas que teve com assessores visavam apenas “bater papo” e não acarretavam planos concretos. As audiências seguem com novos depoimentos agendados.