17 junho 2025
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Brasil Avança na Competitividade Digital, Mas Ainda Fica Atrás

A Fundação Dom Cabral (FDC) anunciou recentemente o Ranking Mundial de Competitividade Digital, no qual o Brasil avançou quatro posições em relação ao ano anterior, posicionando-se em 58º lugar entre 69 países avaliados pelo International Institute for Management Development (IMD). Os primeiros lugares nesta lista são ocupados pela Suíça, Singapura, Hong Kong, Dinamarca e Emirados Árabes Unidos. A avaliação considera quatro pilares principais: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura.

Embora a subida do Brasil no ranking seja atribuída a um aumento no fluxo de investimento direto estrangeiro, indicadores positivos do mercado de trabalho e apoio governamental, o país permanece nas últimas posições nos últimos dez anos. O professor e diretor do núcleo de inovação, inteligência artificial e tecnologias digitais da FDC destaca que, em termos absolutos, o Brasil mantém o mesmo nível de dez anos atrás, devido à falta de uma agenda focada em reformas estruturais, abertura comercial e investimentos em educação técnica.

No contexto da classificação, o Brasil se posiciona à frente de países como Botswana, Peru, Gana, Argentina, Eslováquia, África do Sul, Mongólia, Turquia, Nigéria, Namíbia e Venezuela. O especialista aponta cinco áreas que requerem atenção para a melhoria da competitividade do Brasil:

  1. Custo de Capital e Dívida Corporativa: O Brasil tem uma baixa classificação em relação à dívida corporativa e ao acesso ao crédito. Para melhorar esta situação, seria necessário diminuir as taxas de juros, desburocratizar o acesso ao crédito, fortalecer o mercado de capitais e garantir a estabilidade macroeconômica.

  2. Educação e Habilidades Linguísticas: O país apresenta deficiências em educação e proficiência em idiomas, ocupando a 68ª posição em ambos os critérios. Esta realidade prejudica a formação de uma força de trabalho qualificada. A mudança requer investimentos significativos na educação básica, reformulação de currículos e programas de capacitação contínua.

  3. Mão de Obra Qualificada e Produtividade: A escassez de mão de obra qualificada e a baixa produtividade do trabalho são questões que limitam o desenvolvimento e a inovação. Para reverter esse quadro, é essencial investir em educação profissional, programas de requalificação e aprendizado contínuo, assim como promover parcerias entre setor público e privado.

  4. Abertura Econômica e Inserção Internacional: Apesar de um crescimento econômico, o Brasil ainda possui baixa integração no comércio internacional, com fracas classificações em exportações de serviços, receitas de turismo e comércio em proporção ao PIB. Para progredir, é necessário reduzir tarifas, diversificar a pauta de exportação, aumentar acordos comerciais e modernizar a infraestrutura responsável pelo comércio exterior.

  5. Ambiente Regulatório: O ambiente regulatório no Brasil é caracterizado por complexidade, alta carga tributária, barreiras comerciais, burocracia e incertezas fiscais. O país ocupa a 68ª posição em relação ao protecionismo e a 67ª em finanças públicas. A simplificação e digitalização de processos, aliadas à adoção de políticas de responsabilidade fiscal e transparência, são fundamentais para atrair investimentos e aumentar a competitividade.

O diretor também ressalta a importância do setor acadêmico para a competitividade global. Países que prosperam têm investido em uma agenda robusta de transferência de conhecimento, evidenciada por publicações científicas e instituições de ensino de excelência. Exemplos positivos incluem a Suíça, que abriga destacados centros de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de saúde e alimentação, assim como Singapura e Hong Kong, reconhecidas por sua abertura ao intercâmbio tecnológico.

Para Hugo Tadeu, a transformação da economia brasileira deve incluir a qualificação profissional e a transição para um ambiente menos dependente de commodities, focando na exportação de tecnologia e conhecimento. Ele enfatiza que é um momento propício para ter ambições significativas para o país. Se houver desejo de ascender de 58ª para as dez primeiras posições do ranking, serão necessárias políticas públicas voltadas à melhoria da qualidade da educação, especialmente no que diz respeito à transferência de conhecimento nas universidades.

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