O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, em uma entrevista, argumentou a favor da extinção das grandes empresas estatais no Brasil, afirmando que o país já ultrapassou a necessidade de mantê-las. Suas colocações surgem em um cenário em que essas empresas apresentaram um déficit primário superior a R$ 8 bilhões em 2024, o maior valor registrado até o momento. Maílson ressaltou que as estatais são relicários do passado e sua existência só é justificável em casos onde serviços essenciais não atraem a iniciativa privada.
De acordo com o economista, as estatais tendem a operar com menos eficiência do que as empresas do setor privado, devido a fatores como mudanças frequentes nas administrações e exigências rigorosas em processos licitatórios. Ele mencionou a Petrobras como um exemplo, afirmando que a empresa apresentaria maior lucratividade, eficiência e utilidade para o Brasil se fosse desonerada do controle estatal. Maílson também comentou sobre modelos de privatização, destacando a abordagem adotada na Eletrobras, que permite uma estrutura mais descentralizada e facilita a privatização de grandes empresas.
O ex-ministro expressou críticas à postura do atual governo em relação às privatizações, indicando que a administração atual não possui a mesma visão e não parece propensa a mudar de posição. Ele enfatizou a importância de promover discussões mais abrangentes sobre o tema, prevendo que a conclusão geral deverá ser pela eliminação completa das empresas estatais, exceto aquelas que, por falta de interesse do setor privado, necessitam ser mantidas pelo governo.
Além disso, Maílson discutiu as prioridades econômicas que foram apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As propostas abrangem múltiplos aspectos, desde o fortalecimento do arcabouço fiscal até a reforma tributária. O ex-ministro classificou essas propostas como “muito boas” e elogiou a competência da equipe de Haddad, prevendo que a maioria das medidas terá aprovação tranquila no Congresso Nacional. No entanto, ele alertou para possíveis dificuldades, especialmente em relação à regulamentação dos supersalários, lembrando que a Fazenda já enfrentou desafios nesse contexto devido à resistência de órgãos como o Judiciário e o Ministério Público.
As principais propostas em pauta incluem a isenção do Imposto de Renda para rendimentos até R$ 5 mil, a limitação dos supersalários e a reforma da previdência dos militares.