O uso de bonés com a frase “O Brasil é dos Brasileiros” por membros do governo Lula durante a votação para a presidência da Câmara e do Senado, realizada no sábado, 1, provocou um debate significativo. O gesto foi rapidamente interpretado pela oposição como uma provocação voltada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi um dos primeiros a comentar sobre isso nas redes sociais. Ele acusou os ministros de Lula de usarem bonés “anti-Trump” durante a sessão no Congresso. Em uma postagem no Twitter, o deputado declarou que “Ministros de Lula usam boné anti-Trump no Congresso brasileiro. Ideia foi validada pelo secretário de comunicação de Lula”.
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais e um dos que usou o boné azul, defendeu o acessório em um vídeo e contestou as acusações. Ele afirmou que “Vivi pra ver um boné, este boné, que exalta o povo brasileiro, o Brasil, ser acusado por pretensos patriotas de ser uma ofensa a um diligente de outro país. O Brasil é dos brasileiros. O povo brasileiro não vai deixar entregar a nossa soberania, a nossa riqueza, para os diligentes de outro país ou qualquer outra nação”.
Além de Padilha, o boné azul foi utilizado pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e pelo ministro da Educação, Camilo Santana. O boné azul com a frase “O Brasil é dos Brasileiros” faz alusão ao famoso boné vermelho de Donald Trump, que popularizou a expressão “Make America Great Again” durante sua campanha presidencial. Este tipo de boné, que simbolizou o movimento de direita nos Estados Unidos, era frequentemente usado por apoiadores de Trump, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que comemorou a posse do ex-presidente.
A controvérsia ocorre em um cenário de tensões comerciais acentuadas entre os Estados Unidos e seus vizinhos, como Canadá e México. No mesmo dia em que o boné foi exibido, o governo de Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos, além de uma taxa adicional de 10% sobre importações da China. O Brasil, por sua vez, também enfrentou ameaças do ex-presidente. A proposta do Brics, bloco ao qual o Brasil pertence e sob a presidência de Dilma Rousseff, para utilizar alternativas ao dólar nas transações comerciais, tem atraído críticas de Trump, que já sinalizou retaliações caso essa proposta avance.
