O economista Marcos Troyjo, que ocupou a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, visualiza o Brasil como uma “superpotência alimentar” e um “grande exportador de sustentabilidade”. Ele menciona tanto fatores estruturais quanto conjunturais que colocam o país em uma posição de destaque como um fornecedor confiável e diferenciado de alimentos.
Durante sua participação em uma entrevista, Troyjo destaca a importância da aliança entre a agropecuária e as questões ambientais como um diferencial sustentável para o Brasil. Ele salienta, todavia, a urgência de uma abordagem mais proativa no cenário internacional, ressaltando a necessidade de um esforço mais intenso em comunicação e diplomacia econômica para promover a mensagem de sustentabilidade nas exportações brasileiras.
Troyjo também discute a mudança demográfica global que está em andamento. De acordo com suas observações, dos 198 países do mundo, 184 enfrentarão um declínio populacional nos próximos 25 anos. Apenas nove nações, incluindo três asiáticas (Índia, Paquistão e Indonésia) e cinco africanas (Nigéria, Sudão, Tanzânia, Congo e Uganda), além dos Estados Unidos, apresentarão um crescimento populacional significativo.
Ele explica que essa mudança demográfica resultará em uma demanda crescente por alimentos. Troyjo elenca quatro grandes produtores agrícolas do mundo, começando pela China, que, pela magnitude de sua população e mercado, se tornou um importador líquido. A Índia é apontada como outra grande produtora, mas enfrenta sérios problemas relacionados ao abastecimento de água, além de manter uma produção ainda muito voltada para a subsistência em pequenas propriedades. Os Estados Unidos também são mencionados, com suas oscilações de competitividade em diversas áreas agrícolas.
Em sua análise, Troyjo coloca o Brasil como a única nação capaz de atender a essa demanda crescente, destacando sua capacidade de produção sustentável e suas abundantes reservas hídricas, além do fenômeno dos “rios voadores” que favorecem a agricultura.
Por fim, ele menciona a questão conjuntural associada à guerra tarifária iniciada pelo governo Trump nos Estados Unidos. As taxas impostas levaram a China a restringir importaçõe agrícolas provenientes dos Estados Unidos, como soja e milho. Segundo Troyjo, o Brasil é o único país com a agilidade e capacidade necessária para substituir esses produtos em escala, reforçando a ideia de que a geopolítica atual convoca o Brasil a se afirmar como uma superpotência alimentar.