O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, em pronunciamento realizado na quarta-feira (26), que a “atual escalada protecionista” no comércio internacional enfatiza a necessidade de implementar medidas que fortaleçam as trocas comerciais e ampliem as opções de pagamentos entre os países que compõem o Brics, que é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O discurso ocorreu durante a primeira reunião de sherpas, que são os negociadores responsáveis pela preparação das pautas do grupo sob a presidência brasileira.
Durante sua fala, Lula enfatizou que a melhoria do sistema monetário e financeiro internacional é um dos fundamentos dos Brics. Ele observou que a recente intensificação do protecionismo no comércio e nos investimentos destaca ainda mais a urgência de ações que ajudem a superar as barreiras à integração econômica. O aumento das opções de pagamento, segundo ele, é crucial para a redução de vulnerabilidades e custos.
No âmbito da presidência do Brics, o Brasil prioriza a busca por mecanismos que possam diminuir os custos das transações comerciais entre os países membros, visando o fortalecimento das relações comerciais. Uma das alternativas em consideração é a utilização de moedas locais nas transações, inspirando-se no modelo de Pagamentos em Moeda Local (SML) do Mercosul. Esta proposta foi defendida por Lula desde a Cúpula de 2023, que ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, e ganhou destaque frente às políticas protecionistas do atual presidente dos Estados Unidos.
Recentemente, o presidente dos EUA proferiu diversas ameaças aos países do Brics, especialmente em resposta às discussões sobre “desdolarização”. Ele declarou que a discussão sobre o enfraquecimento do dólar poderia resultar na imposição de tarifas de pelo menos 100% sobre os países do bloco.
A reunião de sherpas realizada nesta quarta-feira teve como intuito mapear as ações dos países membros até a Cúpula de Chefes de Estado, programada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Entre as prioridades a serem abordadas sob a gestão brasileira estão: a promoção de uma reforma na arquitetura multilateral de paz e segurança, buscando maior inclusão no Conselho de Segurança da ONU; a ampliação da cooperação entre países emergentes na área da saúde; o aumento da integração comercial e financeira entre os membros; a urgência em confrontar a crise climática; a discussão sobre os desafios éticos, sociais e econômicos relacionados à Inteligência Artificial; e o desenvolvimento institucional do Brics, especialmente após a recente expansão do bloco.