Em um dia significativo para o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o Brasil, que atualmente ocupa a presidência do Brics, enfatizou a necessidade de impulsionar o multilateralismo como um meio para resolver os conflitos em território ucraniano e na faixa de Gaza. A declaração ocorreu durante uma reunião de chanceleres no Rio de Janeiro, que também abordou o tema das tensões comerciais. O encontro coincide com o recente anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, de um cessar-fogo de três dias, entre 8 e 10 de maio. Em resposta, o governo ucraniano exigiu um cessar-fogo imediato de 30 dias.
Os chanceleres dos países-membros do Brics se reunirão por dois dias, preparando-se para a cúpula de chefes de Estado e governo marcada para julho, no Rio de Janeiro. O Brics é formado por Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã, Indonésia e Arábia Saudita. Durante a reunião, a presidência brasileira também solicitou a retirada total das forças israelenses da Gaza e condenou a obstrução da ajuda humanitária à região.
Desde o dia 18 de março, Israel intensificou sua campanha militar na Gaza, após uma trégua fracassada com o Hamas. Relatos indicam que, em bombardeios recentes, ao menos 40 pessoas perderam a vida na Gaza. O chanceler brasileiro ressaltou a necessidade urgente de um fim às hostilidades e expressou a inaceitabilidade dos ataques aéreos e a obstrução da ajuda humanitária.
A reunião também abordará a guerra comercial iniciada pela administração anterior dos Estados Unidos, que resultou na redução das previsões de crescimento mundial pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O encontro contou com a presença dos chanceleres da Rússia e China. Com quase metade da população mundial e 39% do PIB global, o Brics busca se firmar como um defensor de um comércio baseado em regras, em resposta a medidas unilaterais.
Ainda no âmbito econômico, o conceito de desdolarização no comércio entre os países do Brics, discutido em outubro, foi considerado prematuro por autoridades russas. Enquanto isso, especialistas ressaltam que o Brasil tem enfrentado menos impacto em relação às tarifas, e o governo atual busca agir com cautela nas negociações com os Estados Unidos. Uma declaração conjunta será divulgada ao final do primeiro dia de reuniões.