A Polícia Federal indiciou recentemente o jogador Bruno Henrique, do Flamengo, em um caso de fraude em competição esportiva. A decisão foi anunciada na segunda-feira (14) e faz parte de uma investigação mais ampla que busca apurar a manipulação de partidas de futebol para favorecer apostadores. De acordo com as autoridades, o atleta teria, intencionalmente, recebido um cartão amarelo durante um jogo contra o Santos, em novembro de 2023, com o objetivo de beneficiar parentes que tinham apostado na ocorrência desse evento. Junto com Bruno Henrique, outras dez pessoas foram indiciadas.
No dia 1º de novembro de 2023, durante a 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Flamengo se enfrentou com o Santos no estádio Mané Garrincha em Brasília. O jogo terminou com a vitória do Santos por 2 a 1, e Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo, sua terceira advertência na competição, o que resultou em uma suspensão automática. Imediatamente após a partida, casas de apostas notaram uma movimentação incomum, com um volume considerável de apostas que previa a punição do jogador. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviou essas informações às autoridades, o que levou ao início da investigação.
Em 5 de novembro de 2024, quase um ano após a partida, a Polícia Federal, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal, deu início à operação denominada “Spot-fixing”. Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em quatro cidades de Minas Gerais, incluindo Belo Horizonte, onde Bruno Henrique nasceu. Mais de 50 agentes e seis promotores participaram da operação, que visou não apenas o jogador, mas também seu irmão Wander Nunes e outros envolvidos, resultando na apreensão de celulares, computadores e documentos.
Dias após a operação, Bruno Henrique declarou sua inocência, afirmando que recebeu a ação da polícia de forma agressiva e inesperada. Ele expressou confiança na justiça e pediu que a situação fosse analisada separadamente de sua carreira futebolística. A investigação continuou e, em 22 de março de 2025, o Ministério Público do Distrito Federal manifestou interesse em ouvir o depoimento do jogador, uma vez que os promotores acreditavam que ele havia agido deliberadamente para provocar o cartão amarelo e permitir que seus familiares lucrassem com as apostas. A investigação já havia revelado trocas de mensagens entre Bruno Henrique e seu irmão discutindo essa possibilidade.
Em 14 de abril de 2025, a Polícia Federal concluiu a investigação e indiciou Bruno Henrique por fraude em competição esportiva, encaminhando o relatório ao Ministério Público, que decidirá se apresentará uma denúncia formal à Justiça. As evidências apontam que a recepção do cartão amarelo foi premeditada e que seus familiares estavam cientes de seus planos.
Após a divulgação do indiciamento, o Flamengo emitiu uma nota oficial, afirmando que não havia sido comunicado pelas autoridades sobre os fatos e que respeitaria a presunção de inocência do atleta. O clube manifestou seu compromisso com o fair play no esporte e a importância do devido processo legal.