No último domingo, uma manifestação liderada por Jair Bolsonaro e figuras proeminentes da direita ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo, com o objetivo de pressionar o Congresso a avançar com um projeto de lei que busca a anistia dos detidos em decorrência dos eventos de 8 de janeiro. Contudo, líderes na Câmara dos Deputados indicam que o clima político não é favorável para a implementação dessa proposta. Essa perspectiva persiste, apesar da pressão exercida sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta.
O deputado Lindbergh Farias, do PT, criticou a abordagem utilizada no ato, caracterizando-a como uma “tática de desespero”. Ele alertou que as tentativas de emparedar Motta não resultarão em nenhuma pauta nesta semana. Outro deputado, Mário Heringer, do PDT, avaliou que a ação é prejudicial para a instituição, afirmando que atacar a liderança de Motta representa uma transgressão às normas internas e à Constituição. Segundo ele, enquanto o movimento em si é legítimo, sua execução se mostra novamente equivocada.
Durante o evento, o pastor Silas Malafaia proferiu críticas contundentes à atuação de Motta, sugerindo que ele não deveria ter solicitado a líderes partidários que evitassem assinar o pedido de urgência para o projeto de anistia. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, reforçou que seu partido está buscando reunir o número necessário de assinaturas para que a proposta avance para votação no plenário, onde atualmente conta com 165 votos favoráveis, sendo que o total necessário é de 257. Cavalcante também se responsabilizou por tornar públicos os nomes dos deputados que ainda não se pronunciaram sobre a anistia. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes, afirmou que a pauta será definida de acordo com a vontade da maioria.
Embora os líderes partidários que apoiam Motta tenham negado ter recebido instruções para evitar assinaturas, eles reconhecem que o momento não é adequado para tratar da proposta de anistia. A ministra Gleisi Hoffmann, membro do governo de Lula, criticou os ataques a Motta, chamando a palavra “anistia” no discurso dos críticos de uma farsa, destinada a proteger aqueles que ainda não foram julgados. Ela enfatizou que os esforços dos opositores em apagar os eventos que causaram terror no país não são suficientes para esconder a violência e o ódio que continuam a dominar suas ações.
Por sua vez, o ministro Jorge Messias descreveu o ato como uma manifestação de “extrema direita”, sublinhando a falta de propostas substanciais durante o evento e apontando a participação reduzida dos presentes.