O Camboja anunciou, no dia 15 de outubro, que prendeu diversos indivíduos considerados “criminosos chineses” no final de março, incluindo pessoas de Taiwan, e os deportou para a China dias depois, gerando descontentamento em Taipei. O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan divulgou, em 14 de outubro, que o Camboja enviou um número não especificado de cidadãos taiwaneses à China após serem detidos por supostamente trabalharem em centros de fraudes relacionadas a telecomunicações.
No comunicado divulgado, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Camboja ressaltou que a medida estava de acordo com a legislação cambojana e respeitava a política da “uma só China” de Pequim, que defende a ideia de que Taiwan é parte integrante da China. O presidente da China, Xi Jinping, está programado para visitar o Camboja esta semana, como parte de uma viagem pelo Sudeste Asiático que se iniciou no Vietnã e incluirá a Malásia.
O porta-voz afirmou que os indivíduos entregues às autoridades chinesas são criminosos, não cidadãos comuns, e que essa ação é semelhante a práticas de outros países que adotam a política de “uma só China”. O ministério cambojano não revelou quantas pessoas foram deportadas. Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou não ter informações a respeito das deportações.
Taipei informou que o Camboja deteve 180 cidadãos taiwaneses suspeitos de estarem envolvidos em centros de fraudes, e que, entre os dias 13 e 14 de outubro, aproximadamente 190 pessoas foram deportadas para a China a pedido do governo chinês. O Camboja se destaca como um dos aliados mais próximos da China na região do Sudeste Asiático, sendo que Taiwan não possui uma embaixada no país, diferentemente de vários outros estados da área.
Hsiao Kuang-wei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, afirmou que o governo taiwanês ainda busca determinar o número exato de cidadãos deportados. O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan reiterou o apelo para que seus cidadãos evitem se envolver em atividades ilegais no exterior. O governo de Taiwan já havia manifestado preocupação anteriormente sobre a deportação de cidadãos taiwaneses para a China por parte de países como Camboja, Quênia e Espanha, após suas prisões por suspeita de envolvimento em esquemas de fraudes em telecomunicações.
A China considera Taiwan, que é administrado democraticamente, como parte de seu território e mantém reivindicações de soberania sobre a ilha. Taiwan se opõe firmemente a essas reivindicações, afirmando que apenas o povo taiwanês pode decidir seu futuro.