O câncer colorretal é identificado como o terceiro tipo mais prevalente de câncer no Brasil. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 45.630 novos diagnósticos da doença são registrados anualmente em território nacional. A condição é observada com maior frequência em mulheres, que somam 23.660 novos casos, enquanto homens correspondem a 21.970.
Com o mês de março sendo dedicado à conscientização sobre o câncer colorretal, torna-se relevante discutir os fatores de risco associados a essa doença, os métodos de tratamento disponíveis, a idade recomendada para o início dos exames de rastreamento e as alternativas que podem ser adotadas para minimizar o risco de desenvolvê-la.
O câncer colorretal compreende tanto o câncer de cólon, que inicia-se no cólon, quanto o câncer retal, que se origina no reto. Embora os termos “câncer de cólon” e “câncer colorretal” sejam utilizados de forma intercambiável, é importante ressaltar que o câncer de cólon é apenas uma parte da categoria mais abrangente do câncer colorretal.
Os fatores de risco para o câncer colorretal podem ser classificados em dois grupos: aqueles que estão relacionados ao estilo de vida, e portanto, passíveis de modificação, e os que não podem ser alterados. Entre os fatores de risco modificáveis, destaca-se a obesidade, seguida de diabetes, tabagismo, consumo excessivo de álcool e dietas ricas em carnes vermelhas e processadas. Por outro lado, as síndromes hereditárias, como a síndrome de Lynch e a polipose adenomatosa familiar, aumentam consideravelmente o risco para esta forma de câncer. Também estão em maior risco indivíduos com doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn e colite ulcerativa, além de pessoas que receberam radiação na região abdominal ou pélvica, assim como aquelas com histórico familiar de câncer colorretal em parentes de primeiro grau.
A idade é um fator crucial, uma vez que o câncer colorretal revela-se muito mais comum após os 50 anos. Contudo, analisa-se uma crescente incidência do que chamam de “câncer colorretal em jovens”, que estima-se que duplicará até 2030 entre pessoas com menos de 50 anos, tornando-se, assim, uma das principais causas de morte nesta faixa etária.
Várias hipóteses surgem para explicar o aumento da incidência de câncer colorretal em indivíduos mais jovens. Embora não exista uma causa definitiva identificada, fatores como o aumento da taxa de obesidade, alterações nos hábitos alimentares e um estilo de vida cada vez mais sedentário parecem contribuir para essa tendência. Além disso, fatores ambientais, como a exposição a substâncias químicas potencialmente cancerígenas no solo, na água e nos alimentos, também podem influenciar.
O tratamento do câncer colorretal é determinado por uma série de fatores, incluindo o estágio do câncer e a condição geral do paciente. A cirurgia é o método de tratamento mais comum, e em alguns casos são utilizados também radioterapia e quimioterapia, assim como terapias direcionadas, como imunoterapia, que visa potencializar a resposta do sistema imunológico contra a doença. Como em outros tipos de câncer, o prognóstico é mais favorável quando a doença é identificada em estágios iniciais, o que reforça a importância do rastreamento.
A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA recomenda, desde 2021, que a maioria dos adultos entre 45 e 75 anos se submeta a exames de rastreamento para câncer colorretal, alteração das diretrizes que anteriormente orientavam o início do rastreamento aos 50 anos. Para aqueles entre 76 e 85 anos, a decisão deve ser individualizada e discutida com o médico. O rastreamento pode ser interrompido após os 85 anos.
Existem diversos métodos aprovados para rastreamento do câncer colorretal. O exame de colonoscopia, considerado o padrão-ouro, envolve a inspeção visual do cólon por um gastroenterologista, geralmente com sedação. Existe também a sigmoidoscopia, que oferece visualização mais restrita e é menos invasiva, e a colonografia por tomografia computadorizada, que é outra opção de exame de imagem. A colonoscopia é geralmente recomendada a cada dez anos, enquanto a sigmoidoscopia e a colonografia devem ser realizadas a cada cinco anos. Esses exames são preferíveis à colonografia por tomografia, pois possibilitam a remoção de pólipos pré-cancerosos durante o procedimento.
Outros exames incluem testes de fezes, onde amostras são coletadas em casa e enviadas a um laboratório para análise, visando identificar sinais de câncer, como sangue ou DNA tumoral. Estes exames precisam ser realizados a cada um a três anos. Caso sejam encontrados resultados preocupantes, recomenda-se a realização de uma colonoscopia ou sigmoidoscopia para investigação adicional. Um novo tipo de teste de sangue foi aprovado em 2024, oferecendo uma alternativa com precisão comparável aos exames de fezes, especialmente benéfica para indivíduos que não buscam rotineiramente o rastreamento.
A idade recomendada de 45 anos para iniciar o rastreamento é pertinente a adultos com risco médio de câncer colorretal. Pessoas que têm um risco elevado devido a condições genéticas, doenças inflamatórias intestinais ou histórico familiar de câncer colorretal devem iniciar o rastreamento mais cedo e com maior frequência, discutindo as opções com um médico.
Para a redução do risco de desenvolver câncer colorretal, é aconselhável que todos visitem regularmente seu médico de atenção primária, ao menos uma vez por ano, para discutir o histórico pessoal e familiar de câncer e as recomendações de rastreamento. Além disso, é importante abordar fatores de risco modificáveis, como cessar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool e buscar a redução de peso, além de promover uma dieta equilibrada com menos carne vermelha e processada e mais frutas, vegetais, grãos integrais e fibras, bem como aumentar a atividade física.