21 março 2025
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Caracas acolhe 311 venezuelanos repatriados do México em meio à crise

Um voo com 311 cidadãos venezuelanos, oriundos do México, aterrissou em Caracas na quinta-feira, 20. Os voos de deportação dos Estados Unidos para a Venezuela permanecem suspensos em função das tensões entre os governos de Nicolás Maduro e Donald Trump. A aeronave, operada pela empresa estatal Conviasa, que está sob sanções dos EUA, chegou ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, localizado em Maiquetía, por volta das 11h30 (horário de Brasília).

A repatriação está inserida no programa “Vuelta a la Patria”, que é promovido pelo governo venezuelano. Na semana anterior, aproximadamente 600 venezuelanos foram reintegrados ao país, através de voos provenientes do Texas e de Honduras.

Em janeiro, um entendimento havia sido firmado entre Trump e Maduro, após uma reunião entre o chanceler venezuelano e o emissário de Trump, Richard Grenell. Durante esse encontro, Maduro concordou em receber migrantes deportados e se comprometeu a facilitar o transporte para a sua volta, sinalizando um possível otimismo nas relações entre Caracas e Washington, que romperam laços diplomáticos em 2019. Entretanto, logo depois, o governo Trump acusou Maduro de não cumprir com os termos acordados e retaliou ao revogar a licença da companhia americana Chevron para funcionar na Venezuela.

Recentemente, uma decisão controversa do governo Trump resultou na transferência de 238 venezuelanos para uma prisão de segurança máxima em El Salvador, por meio de um acordo com o presidente Nayib Bukele. A alegação era de que os deportados seriam membros da gangue criminosa Tren de Aragua, utilizando como base a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, a qual permite a expulsão de estrangeiros considerados ameaças em períodos de conflito.

Essa decisão gerou descontentamento tanto em território americano quanto internacionalmente, uma vez que muitos dos deportados não tinham acusações formais contra eles. Apesar de um juiz federal ter emitido uma suspensão temporária da deportação, o governo Trump continuou com a operação. Em resposta à transferência dos venezuelanos para prisões em El Salvador, o governo venezuelano acionou as Nações Unidas, acusando os EUA de sequestrar seus cidadãos e reivindicando sua repatriação. O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, expressou a esperança de que o governo salvadoreno entregasse os venezuelanos às suas famílias.

Por sua vez, o Departamento de Estado dos Estados Unidos criticou novamente Maduro, exigindo que seu governo cumprisse com os termos acordados e organizasse voos regulares de repatriação. O órgão enfatizou que “Maduro deve parar de enganar e programar voos de repatriação semanais e consistentes”.

Além disso, o governo americano negou a ocorrência de voos de deportação a partir do México. Desde 2014, cerca de 8 milhões de venezuelanos deixaram o país em busca de melhores condições, em resposta à grave crise econômica e política. A economia da Venezuela encolheu 80% na última década, situação que Maduro atribui às sanções impostas pelos Estados Unidos, enquanto a comunidade internacional o responsabiliza pelo colapso econômico, em decorrência de eleições contestadas e alegações de fraude.

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