Desde o final do ano passado, a Casas Bahia iniciou uma fase experimental com seu fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) focado no crediário. Durante esse período de testes, que teve um volume financeiro abaixo de R$ 5 milhões, a empresa buscou entender todos os aspectos operacionais do instrumento.
Com base nas análises realizadas, que incluíram a antecipação de pagamentos, renegociações e taxas de inadimplência, o FIDC da Casas Bahia foi oficialmente colocado em operação, conforme um comunicado divulgado após o fechamento do mercado em 13 de fevereiro.
O Grupo Casas Bahia Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, um novo instrumento financeiro da varejista, inicia suas atividades com um compromisso de aporte de investidores terceiros, prevendo um capital inicial de R$ 300 milhões e a expectativa de alcançar R$ 500 milhões em patrimônio líquido nos meses seguintes.
O CFO do Grupo Casas Bahia afirmou que o objetivo é um crescimento gradual, sem metas de valores específicas, priorizando uma carteira mais saudável, mesmo que isso implique em uma rentabilidade menor. Ele destacou que o lançamento do FIDC ocorre em um momento adequado para expandir e diversificar as fontes de financiamento na área de crediário.
A carteira de crediário da Casas Bahia manteve um crescimento nos últimos dois trimestres, alcançando R$ 5,7 bilhões ao final do terceiro trimestre de 2024. Este resultado representa um aumento de 7,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior e o próximo balanço financeiro será publicado em 12 de março.
O CFO também indicou que a carteira de crédito continuou a crescer no quarto trimestre e que a tendência é de aumento em 2025, apesar dos desafios econômicos atuais. Em relação às cotas do FIDC, 80% são sêniores, com uma rentabilidade de CDI + 5,5%, enquanto 20% são subordinadas. O risco associado a essa carteira é voltado para pessoas físicas, caracterizando uma distribuição de risco pulverizada. Com o tempo, espera-se que essa taxa de risco diminua conforme houver um maior entendimento sobre o produto.
Quando anunciou sua transformação em agosto de 2023, a Casas Bahia identificou o FIDC como uma alternativa para substituir empréstimos bancários destinados ao financiamento de vendas, que enfrentaram dificuldades após eventos envolvendo empresas como Americanas e Light. O CEO da companhia mencionou que a criação do FIDC poderia levar até 14 meses, com previsão de conclusão até meados de 2025.
Durante 2024, a Casas Bahia implementou uma recuperação extrajudicial, aprovada judicialmente, que possibilitou o alongamento de uma dívida de R$ 4,1 bilhões, proporcionando maior flexibilidade em seu fluxo de caixa. Também foram firmadas linhas de crédito com os bancos, fundamentais para o crescimento do crediário.
Adicionalmente, todas as lojas físicas da rede foram convertidas em correspondentes bancários, garantindo que os recursos provenientes do crediário gerenciado pelo FIDC sejam diretamente alocados nesse instrumento, evitando a centralização no caixa da empresa.
A estruturação e a gestão do FIDC são realizadas pela Polígono Capital, uma gestora de fundos criada pelo BTG Pactual Asset Management e pela Prisma Capital, enquanto a custódia e administração ficam a cargo do BTG. O desempenho da ação BHIA3, da Casas Bahia, apresenta uma queda acumulada de 61,6% em 12 meses na B3, resultando em um valor de mercado de R$ 281,5 milhões.