O ex-chanceler Aloysio Nunes, que ocupou o cargo de 2017 a 2018, expressou em entrevista que a comunicação entre a diplomacia brasileira e o setor privado, tanto nacional quanto dos Estados Unidos, é essencial para encontrar soluções diante das tarifas intempestivas estabelecidas pelo governo dos Estados Unidos. Nunes atuou como ministro das Relações Exteriores quando, em 2018, o então presidente Donald Trump anunciou tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, afetando diretamente o Brasil. Após uma série de negociações, os Estados Unidos recuaram e implementaram um sistema de cotas.
Conforme o acordo, o Brasil poderia exportar semiacabados de aço até o volume médio das exportações registradas entre 2015 e 2017. Para os produtos acabados, o limite definido foi 30% inferior à média do mesmo período. Segundo Nunes, as negociações diplomáticas foram bem-sucedidas devido não apenas aos interesses das empresas brasileiras, mas também das americanas, destacando a convergência de interesses entre os produtores e consumidores de aço.
Os setores automobilístico e da construção civil dos Estados Unidos, que dependem do aço brasileiro, foram alguns dos grupos que pressionaram por uma resolução durante este processo. Além disso, a indústria de carvão siderúrgico nos EUA, que fornece combustível às siderúrgicas brasileiras, também influenciou a negociação. O ex-ministro destacou que o entendimento diplomático foi favorecido pela pressão do setor privado, ressaltando a competência da diplomacia brasileira em encontrar caminhos para a negociação.
Recentemente, o ex-presidente Donald Trump assinou um decreto que impõe tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio a partir de 4 de março. Aloysio Nunes acredita que retaliar contra essas tarifas não é a abordagem adequada neste momento, reforçando que, neste contexto, a prioridade deve ser a diplomacia.