Uma startup norte-americana anunciou recentemente que conseguiu recriar três lobos-terríveis, que são animais pré-históricos extintos há cerca de 12 mil anos. A empresa alega ter revertido a extinção da espécie através de técnicas de manipulação genética, embora haja divisões de opinião entre cientistas sobre a veracidade dessa afirmação. O DNA dos lobos-terríveis foi obtido de um dente de 13 mil anos e de um crânio de 72 mil anos, ambos preservados em um local de piche. Após a análise do genoma desses extintos, a startup modificou os genes de lobos cinzentos, parente vivo mais próximo do lobo-terrível, para replicar as características do DNA ancestral.
Para realizar essa modificação, apenas 20 edições em 14 genes do lobo cinzento foram requeridas, resultando em filhotes com características como tamanho aumentado, ombros mais robustos, crânio mais largo, dentes e mandíbulas mais desenvolvidos, além de um padrão vocal semelhante ao de seus ancestrais. Importante destacar que o DNA dos lobos-terríveis não foi inserido no genoma do lobo cinzento; este serviu apenas como um modelo de referência.
Entretanto, enquanto a empresa utiliza o termo “des-extinguir” para descrever o processo e o nascimento dos filhotes, alguns cientistas contestam essa ideia, argumentando que o que foi produzido são, na verdade, lobos cinzentos com características alteradas. Um paleoecologista de uma universidade da Nova Zelândia fez uma observação em suas redes sociais, mapeando que esses animais são híbridos, afirmando que o DNA recuperado de restos fósseis é tão danificado que não é confiável como um modelo para recriação.
Esclarecendo sua posição, o especialista afirmou que o DNA antigo se apresenta fragmentado, dificultando sua utilização eficaz. Cientistas adicionais também destacaram que os filhotes gerados não terão os mesmos comportamentos de sua espécie ancestral, considerando que muitos deles são influenciados por fatores culturais, além de genéticos.
Um professor australiano seguindo a mesma linha de ceticismo notou que a manipulação genética leva a resultados que não justificam a denominação de “lobo-terrível,” ressaltando que é um lobo cinzento com modificações. Ele também questionou a falta de evidências substanciais apresentadas pela empresa em relação às suas declarações.
Em defesa do projeto, a diretora científica da startup sustentou que os animais gerados são representações do ressurgimento da espécie, uma vez que suas características genéticas foram alteradas de forma a refletir aquele passado distante. Argumentou que a empresa busca criar versões funcionais de espécies extintas, sem a necessidade de total identidade genética.
Apesar desse avanço científico, a questão que se coloca é o que será feito com os lobos-terríveis agora. Os filhotes permanecerão em uma reserva no norte dos Estados Unidos, onde serão objeto de estudo ao longo de suas vidas. A bióloga responsável pelo projeto expressou otimismo, considerando que eles terão um ambiente seguro e monitorado, embora isso limite suas interações e desenvolvimento social a um número restrito de indivíduos.
Por fim, um paleoecologista enfatizou que a extinção deve ser levada a sério e não pode ser tratada levianamente. Perguntas sobre as lições que podem ser aprendidas com extinções e os perigos da degradação ambiental são relevantes nesse contexto, refletindo a complexidade do tema da preservação das espécies.