6 março 2025
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Cientistas Desenvolvem Ratos com Traços de Mamute para Combater Extinção

Apesar de suas pequenas dimensões, um rato de laboratório geneticamente modificado possui o potencial de gerar um impacto significativo. Com características como bigodes enrolados e pelos ondulados que têm crescimento triplo em comparação aos típicos ratos de laboratório, este roedor é parte de um projeto desenvolvido pela Colossal Biosciences, uma empresa de biotecnologia de Dallas, Estados Unidos, que se dedica a iniciativas voltadas à ressuscitação de animais extintos, como o mamute lanoso.

A Colossal anunciou que o objetivo de criar esse rato é possibilitar que cientistas investiguem a relação entre sequências específicas de DNA e as características físicas que permitiram a adaptação dos mamutes ao clima frio, considerando que essa espécie desapareceu há aproximadamente 4.000 anos. A diretora científica da empresa declarou que tal avanço é essencial para validar a estratégia da empresa em tentar restaurar traços que foram perdidos devido à extinção.

A criação do rato lanoso envolveu a identificação de variantes genéticas que diferenciam os mamutes de seus parentes vivos, os elefantes asiáticos. Os pesquisadores da Colossal descobriram 10 variantes associadas a traços como comprimento e espessura do pelo, textura, cor e porcentagem de gordura corporal, com base em semelhanças com variantes já conhecidas de um rato de laboratório. Um gene específico, chamado FGF5, foi manipulado para prolongar o ciclo de crescimento dos pelos, garantindo uma aparência mais desgrenhada. Alterações em outros genes também foram realizadas para dar ao rato uma pelagem ondulada e bigodes enrolados.

No total, a equipe conduziu oito edições gênicas simultâneas, aplicando três técnicas avançadas em sete genes. Um professor de Genômica Evolutiva comentou que o trabalho realizado representa um importante passo para a validação da técnica de edição simultânea de múltiplos genes, demonstrando que a Colossal possui a expertise necessária para realizar esse tipo de modificação genética.

A pesquisa associada ao rato de laboratório gerou discussões sobre seus potenciais resultados. Um especialista em biologia de células-tronco expressou preocupações sobre a ausência de informações que examinassem se esses roedores modificados teriam tolerância ao frio, uma das justificativas principais para a realização do trabalho. O especialista ressaltou que, do jeito que está, a pesquisa ainda precisa de uma melhor compreensão da fisiologia e comportamento desses animais.

Desde sua fundação em 2021, a Colossal levantou 435 milhões de dólares, com planos de recriar espécies como mamutes, dodôs e tigres da Tasmânia por meio da edição genética de seus parentes mais próximos. O objetivo final é reintroduzir esses animais em seus habitats naturais. No caso dos mamutes, a empresa argumenta que a presença de seres semelhantes poderia contribuir para a mitigação do derretimento do permafrost no Ártico, um fenômeno ligado à liberação de carbono nesse ecossistema.

No entanto, existem críticas ao investimento financeiro realizado nesses projetos, com alguns especialistas indicando que esses recursos poderiam ser melhor aplicados em outras áreas. Eles apontam que a criação e reprodução de híbridos podem colocar em risco espécies vivas utilizadas nas experiências. Outro especialista ressalta que, embora existam avanços na genética de camundongos, o conhecimento sobre mamutes e elefantes é muito mais limitado.

Destaca-se que a modificação genética de ratos de laboratório é uma prática comum para estudar doenças e desenvolvimento de medicamentos. Um cientista relevante na área comentou que esse novo rato lanoso representa uma inovação no uso do modelo de rato para compreender a fisiologia de animais extintos, mas expressou incertezas sobre a aplicação prática dessas descobertas aos elefantes.

As complexidades da reprodução de elefantes, segundo o especialista, destacam que, embora haja muito conhecimento sobre espécies como camundongos, a reprodução de elefantes ainda carece de entendimentos mais profundos e de tecnologias adequadas para a reprodução assistida.

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