Pelo menos oito pessoas, incluindo cinco crianças, faleceram devido ao cólera no Sudão do Sul após uma caminhada de três horas em busca de atendimento médico. As informações são de uma organização humanitária que destaca que essas mortes ocorrem em decorrência de cortes na ajuda americana que resultaram no fechamento de serviços de saúde local.
As mortes, que aconteceram no mês anterior, são algumas das primeiras a serem diretamente relacionadas aos cortes na ajuda humanitária implementados pelo governo norte-americano após a posse do presidente. O governo dos Estados Unidos justificou os congelamentos alegando a necessidade de avaliar se os financiamentos estavam de acordo com a nova postura prioritária em relação à América.
Especialistas advertem que essas reduções, que incluem o cancelamento de mais de 90% dos contratos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), poderão resultar na morte de milhões de pessoas nos próximos anos, devido a questões como desnutrição, infecções por HIV, tuberculose, malária e outras enfermidades.
A organização informou que, até o início deste ano, apoiava 27 unidades de saúde no estado de Jonglei, na região leste do Sudão do Sul. Contudo, os cortes na ajuda levaram ao fechamento total de sete dessas unidades e ao fechamento parcial de 20. Além disso, o financiamento para serviços de transporte que levavam os pacientes à principal cidade para tratamento foi interrompido, forçando as oito pessoas a enfrentar temperaturas próximas a 40 °C em sua caminhada até a unidade de saúde mais próxima.
Adicionalmente, a situação no Sudão do Sul é agrava pela redução gradual de contribuições de outros doadores, dificultando a resposta humanitária. A organização espera investir 30 milhões de dólares no país em 2025, um montante inferior aos 50 milhões do ano anterior.
No contexto mais amplo, mais de um terço da população de aproximadamente 12 milhões de habitantes do Sudão do Sul foi deslocada devido a conflitos e desastres naturais. As Nações Unidas alertam que o país corre o risco de entrar em uma nova guerra civil, especialmente após o início de combates na região nordeste em fevereiro. Um surto de cólera foi declarado no ano anterior, com mais de 22 mil casos registrados até o mês passado, resultando em centenas de mortes conforme dados da Organização Mundial da Saúde.