A análise do rito processual da Operação Lava Jato não é o foco, mas sim a anulação de provas contra réus que admitiram participação em um extenso esquema de corrupção que desviou bilhões dos cofres públicos do Brasil.
O recente desdobramento envolvendo a prisão do ex-presidente Fernando Collor por corrupção relacionada à BR Distribuidora, um esquema revelado pela Operação Lava Jato, gera espanto. Mais surpreendente do que a detenção de um ex-presidente é o fato de Collor ser o único político de grande escalão preso até o momento decorrente da operação. Para outros envolvidos, abrangendo empresários e políticos, uma decisão isolada de um dos ministros do STF resultou na anulação de provas obtidas por meio de acordos de leniência.
Neste contexto, não se questiona o rito processual ou as metodologias da Operação Lava Jato, mas a decisão de invalidar evidências de réus que confessaram sua participação em um imenso esquema corrupto. Com a expansão da impunidade, indivíduos anteriormente condenados por corrupção retornaram a suas atividades políticas e empresariais como se nada houvesse ocorrido. Um deles, por exemplo, chegou a fazer recomendações de filmes na plataforma de streaming Netflix. É pertinente que essa empresa considere a produção de um documentário para elucidar o motivo pelo qual apenas Collor enfrenta a prisão, enquanto os demais permanecem livres.
