Zerar o desmatamento, especialmente na Amazônia, é considerado fundamental para a redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Essa conclusão é sustentada por relatórios do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa que visa monitorar os dados de emissões no país. Análises feitas pela CNN, baseadas nesses dados, revelam um crescimento na ênfase das recomendações referentes ao desmatamento por parte do SEEG ao longo dos anos. Entre 2015 e 2024, a urgência em estabelecer uma política de desmatamento zero tem se tornado cada vez mais evidente, a fim de que o Brasil possa diminuir suas emissões e cumprir sua parte no Acordo de Paris.
O SEEG foi instaurado no início da década de 2010 com a finalidade de acompanhar e divulgar informações precisas sobre as emissões de carbono no Brasil. Desde o início da série histórica, em 1990, as mudanças no uso da terra, que incluem o desmatamento, têm sido a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no país. A predominância do desmatamento nas emissões é um fato que se mantém inalterado ao longo dos anos, destacando a necessidade de controle nesse setor para a transição para uma economia de baixo carbono.
O coordenador do SEEG indicou que o Brasil possui um cenário distinto em comparação a muitos outros países, cujo foco é a transição para energias renováveis. Embora o Brasil já esteja utilizando uma matriz energética mais limpa, a questão do desmatamento é alarmante, uma vez que as emissões continuam sendo majoritariamente atribuídas a essa prática, principalmente na Amazônia. A análise aponta que a queima de combustíveis fósseis é um fator crítico no aquecimento global globalmente, mas o cenário brasileiro demanda atenção especial ao desmatamento.
Atualmente, o Brasil possui duas metas principais em vigor: até 2025, a meta é limitar as emissões a 1.320 milhões de toneladas de dióxido de carbono, e até 2030, a meta é reduzir para 1.200 milhões de toneladas, representando uma diminuição de 53% em relação ao ano-base de 2005. Apesar de a relação dessas emissões com o desmatamento parecer uma vantagem a princípio, essa variável deve ser contextualizada. Excluindo o desmatamento, as emissões per capita no Brasil se igualariam à média mundial, o que revela um panorama mais complexo.
A eliminação do desmatamento é um passo importante, mas a neutralidade de carbono somente será alcançada se forem abordadas as emissões em todos os setores, incluindo agropecuária, energia e gestão de resíduos. Nos últimos dez anos, houve avanços notáveis na organização e na transparência das ações climáticas. O Brasil se tornou uma referência no monitoramento das mudanças no uso da terra, embora as recomendações sobre descarbonização e utilização de energia renovável continuem a se repetir, evidenciando que os resultados almejados ainda não foram atingidos.
A repetição de recomendações após uma década levanta questões sobre a eficácia das ações do governo em relação às emissões. Embora tenha havido um progresso previsto pela Política Nacional de Mudança do Clima de 2009, o que se observou foi um aumento nas emissões, contribuindo para a persistência das diretrizes. Também foram apontados retrocessos significativos durante o governo anterior, o que prejudicou os avanços na proteção ambiental e causou um aumento no desmatamento da Amazônia.
A falta de progresso rápido na mitigação das mudanças climáticas no Brasil reflete uma tendência global, já que muitos países também não têm adotado medidas suficientes para atender às exigências do Acordo de Paris. Na média global, as ações para redução das emissões ainda permanecem aquém do necessário para combater efetivamente o aquecimento global.