Como é sabido, o momento em que um feto começa a se mover durante a gestação é um aspecto que gera emoção para muitas pessoas. Para a ciência, essa fase é uma oportunidade de grande importância. Com o uso de ferramentas de inteligência artificial, é possível detectar doenças graves antes do nascimento, permitindo que intervenções médicas sejam realizadas ainda no útero.
De acordo com estudos conduzidos por especialistas, uma grande parte dos dados obtidos de imagens fetais permanece inexplorada. A aplicação de inteligência artificial pode alterar significativamente a vida de diversos indivíduos desde o início de sua trajetória. Um exemplo disso é a mielomeningocele, uma condição rara em que a medula espinhal não se fecha corretamente. Alterações sutis no padrão de movimento do feto podem servir como indicadores para diagnósticos preditivos realizados por algoritmos de inteligência artificial.
Uma iniciativa importante nesse campo é o projeto ChRIS, uma plataforma desenvolvida no Boston Children’s Hospital. Este sistema é aberto e acessível a profissionais de saúde de diversas instituições, permitindo que operem em locais com infraestrutura limitada, desde que tenham acesso à internet. Utilizando dados de imagens de exames pré-natais já existentes, a plataforma analisa informações de forma mais detalhada, sem custos adicionais.
No Brasil, também surgem iniciativas significativas que utilizam inteligência artificial na área da saúde materna. Um exemplo é o Hospital e Maternidade Santa Joana, que criou uma plataforma de big data para monitorar gestantes e reduzir complicações como a mortalidade materna por pré-eclâmpsia. Essa tecnologia permite intervenções precoces, suporte às decisões clínicas e a diminuição de riscos durante a gravidez.
Além disso, a inteligência artificial tem potencial para aprimorar outros aspectos da medicina fetal e neonatal. Por exemplo, a medição automática do comprimento das pernas em raios-X, que antes era uma tarefa manual e demorada, agora é realizada com precisão em poucos segundos. Adicionalmente, a análise da placenta e o acompanhamento do desenvolvimento cerebral estão em andamento, promovendo a detecção precoce de possíveis problemas.
Entretanto, a adoção da inteligência artificial nas instituições de saúde enfrenta desafios significativos. A resistência por parte de médicos e equipes devido à sobrecarga de trabalho e a falta de familiaridade com novas tecnologias é um entrave notável. Além disso, questões de infraestrutura, como a compatibilidade dos sistemas existentes e a relutância do setor de TI em implementar novas ferramentas, dificultam a integração dessas inovações.
Os hospitais frequentemente se preocupam em evitar complicações legais, o que pode retardar a adoção de tecnologias que poderiam beneficiar os pacientes. Contudo, há evidências de que, quando a tecnologia é fácil de usar e confiável, a aceitação por parte dos profissionais de saúde pode ser rápida, resultando em impactos positivos significativos na vida de pessoas, especialmente aquelas que ainda não nasceram.