O papel da teledramaturgia na abordagem de preconceitos e de questões sociais, como violência, insegurança e corrupção, é amplamente reconhecido. A novela “Volta por Cima”, da TV Globo, apresenta um antagonista chamado Gerson, interpretado por Henrique Diaz, que é o líder de uma organização criminosa e um abusador de mulheres. Em um episódio recente, uma das suas vítimas, Roxelle, interpretada pela atriz Isadora Cruz, consegue superar algumas dificuldades impostas por sua situação.
Mesmo estando sob prisão domiciliar, Roxelle efetua uma estratégia para ir a um restaurante com seu namorado, onde visualiza uma oportunidade para buscar ajuda. Durante sua passagem para o banheiro, ela se conecta visualmente com um grupo de mulheres e, ao se virar de costas, realiza um gesto que é uma indicação universal de que está em perigo.
Esse gesto, bastante recente, foi desenvolvido pela Canadian Women’s Foundation em 2020, visando apoiar mulheres em situações de risco que não têm como se manifestar verbalmente. O sinal é discreto e deve ser feito com os braços para trás. Nele, a vítima exibe a palma de uma das mãos com o polegar dobrado e os outros dedos esticados, permitindo que ela cubra o polegar posteriormente.
O gesto feito por Roxelle rapidamente se espalhou nas redes sociais e atraiu a atenção de figuras públicas, como a deputada federal Jandira Feghali, relatora da Lei Maria da Penha de 2006. Em suas declarações, Feghali enfatizou a importância desse símbolo em um espaço de grande visibilidade, destacando que ele representa um avanço educativo na luta contra a violência que afeta tantas mulheres no Brasil. Dados do Instituto Patrícia Galvão indicam que, a cada 15 minutos, uma mulher é agredida no país, sendo que, em muitos casos, o agressor é alguém próximo, como parceiros ou familiares.