15 abril 2025
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Como Lidar com um Aumento de 46% nas Tarifas: Estratégias Eficazes

Donald Trump se manifestou em relação a uma “conversa muito produtiva” com To Lam, o secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã. Durante a conversa, foi mencionado que o Vietnã está disposto a cortar suas tarifas a zero, desde que um acordo seja firmado com os Estados Unidos. Este contexto traz à tona a situação delicada enfrentada pelo Vietnã, que se encontra sob a imposição de uma tarifa de 46% por parte de Trump, a segunda mais alta do mundo, atrás apenas do Camboja. Tal tarifa representa uma séria ameaça ao crescimento econômico do país, que, apesar de seu sistema político comunista, tem avançado significativamente ao abrir sua economia.

Com o aumento dos salários na China, em decorrência do crescimento econômico, e das represálias comerciais dos Estados Unidos, muitas empresas norte-americanas transferiram suas operações para o Vietnã. Itens comercializados com a etiqueta “Made in Vietnam” têm se tornado comuns no mercado internacional, especialmente em roupas e calçados de marcas como Nike e Adidas, que alocam sua produção no país. Cerca de 20% das vestimentas consumidas nos Estados Unidos são originárias do Vietnã, um país que tem superado os traumas da guerra e do regime comunista em busca de maior prosperidade.

Adicionalmente, o Vietnã também é responsável pela fabricação de produtos da Apple, como AirPods e iPads. Tim Cook, CEO da Apple, se viu em uma posição difícil, pois sua tentativa de fomentar um relacionamento próximo com Trump, que incluiu sua presença na posse do presidente, não trouxe os resultados esperados. Sua estratégia de diversificação da produção, com a transferência de parte das operações para o Vietnã, Tailândia e Índia, como uma forma de se precaver contra crises geopolíticas, agora enfrenta desafios severos.

A situação atual suscita questões sobre um possível recuo nas tarifas impostas ao Vietnã. O mercado especula sobre duas possibilidades: a persistência das altas tarifas ou a possibilidade de acordos comerciais que poderiam amenizar os impactos. Bill Ackerman, um investidor proeminente, sugeriu uma trégua de noventa dias para renegociar tarifas desproporcionais. Caso contrário, ele alerta para um “inverno nuclear econômico autoinduzido”. A especulação sobre essa trégua, que foi negada pela Casa Branca, resultou em flutuações no mercado.

A crise não se limita aos Estados Unidos, pois os impactos sobre os países produtores asiáticos têm sido devastadores, levando muitos a buscar concessões. Um exemplo é o pedido de Bangladesh para a suspensão temporária de uma nova tarifa de 37%, necessária para a implementação de estratégias que visam aumentar substancialmente as importações norte-americanas. Com 80% de sua produção de têxteis e roupas destinada aos Estados Unidos, Bangladesh enfrenta a ameaça de um colapso econômico.

Vale ressaltar que a renda per capita em Bangladesh é de apenas 2,5 dólares, em comparação com os 82 mil dólares dos Estados Unidos. A diferença também se reflete no mercado de vestuário norte-americano, que, no ano anterior, movimentou 350 bilhões de dólares, valor próximo ao PIB total de Bangladesh, colocando em perspectiva a afirmação de exploração que Trump tece sobre os relacionamentos comerciais.

Historicamente, benefícios comerciais destinados a países em desenvolvimento têm sido parte da política mais ampla dos Estados Unidos, buscando promover a estabilidade em regiões complexas. Entretanto, Trump parece se opor a essa abordagem, propondo uma mudança decisiva. A aceitação dele de negociações individuais ainda é uma incógnita, e as reações do mercado poderão influenciar suas decisões.

As palavras de James Dimon, CEO do JPMorgan, têm sido observadas com atenção, pois ele alertou sobre as implicações a curto prazo das novas tarifas. Embora existam razões válidas para a imposição de tarifas, os efeitos imediatos provavelmente incluirão inflação não apenas em produtos importados, mas também nos preços internos, à medida que custos e demanda aumentam. A possibilidade de que as tarifas resultem em uma recessão é incerta, mas espera-se que impactem o ritmo de crescimento.

Dimon foi um dos primeiros executivos de destaque a manifestar tais preocupações publicamente, ressaltando a gravidade da situação. Em resposta à proposta do Vietnã de eliminar tarifas sobre produtos americanos, Peter Navarro, assessor comercial da Casa Branca, apresentou uma posição negativa, argumentando que promessas de tarifas zero não significam muito diante de outras práticas comerciais questionáveis, como a exportação disfarçada de produtos chineses, roubo de propriedade intelectual e a aplicação de impostos sobre o valor agregado. Nesse contexto, será um desafio para To Lam ou qualquer outro líder que deseje apaziguar Trump com propostas que possam parecer concessões significativas.

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