Professores de matemática do ensino médio em todo o Brasil têm a oportunidade de participar da segunda edição da Olimpíada de Professores de Matemática (OPMBr). Esta competição tem como objetivo avaliar as práticas docentes e o conhecimento dos educadores em matemática e didática, selecionando dez educadores na categoria ouro. A premiação máxima consistirá em uma viagem a Xangai, onde os vencedores participarão de formação e intercâmbio cultural em escolas locais. As inscrições para o evento estão abertas desde 1º de março.
A OPMBr foi criada a partir de discussões entre uma turma de veteranos do curso de engenharia do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), que buscavam maneiras de aprimorar os níveis de conhecimento básico em matemática no Brasil. Embora o país possua um perfil sólido na disciplina em relação ao cenário internacional (conforme classificado pelo Grupo 5 da União Matemática Internacional – IMU), os alunos brasileiros apresentam resultados insatisfatórios em avaliações que abrangem a maior parte da população.
Atualmente, o Brasil ocupa a 65ª posição em um ranking que abrange 81 países participantes do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgado recentemente. Nesse contexto, a performance em matemática dos estudantes brasileiros é uma preocupação que mobiliza iniciativas como a OPMBr. Os professores interessados nesta edição realizarão uma avaliação online em junho, e os classificados terão que enviar um vídeo demonstrando suas abordagens e metodologias em sala de aula. A avaliação dos trabalhos ocorrerá em agosto, seguido pela etapa de entrevistas conduzidas pelo Conselho Acadêmico da competição em setembro. Os resultados finais serão divulgados em novembro, com o intercâmbio programado para iniciar em abril de 2026.
A presidente da Sociedade Brasileira de Matemática e membro do Conselho Acadêmico da Olimpíada, destacou a relevância da competição para identificar tanto os conteúdos abordados quanto as metodologias de ensino. Segundo ela, o conceito de “conhecimento pedagógico de conteúdo” é crucial, pois refere-se à habilidade do professor em articular o conteúdo matemático com suas estratégias de ensino, sendo este um dos principais fatores que diferenciaram os vencedores da edição anterior. Ela também chamou a atenção para o fato de que muitos medalhistas de ouro vieram de cidades do interior, o que pode ajudar a mapear as desigualdades regionais no ensino da matemática e fornecer dados que possam embasar políticas públicas mais eficazes.
Um dos premiados da edição anterior foi Rubens Lopes Netto, que compartilhou que sua trajetória com a matemática começou na infância, incentivada pelo pai. Embora sua carreira como educador tenha iniciado em escolas rurais, Rubens agora está concluindo um doutorado na área e atua na formação de professores no governo do Maranhão. Seu trabalho recebeu reconhecimento, resultando em boas classificações em avaliações educacionais.
Rubens mencionou que visitou escolas na China, uma experiência que considerou transformadora, permitindo-lhe observar as diferenças nas abordagens de ensino entre os dois países. Ele notou a importância da aprendizagem colaborativa e da formação contínua de professores no sistema educacional chinês, e essa experiência já influenciou sua atuação em seminários voltados para a capacitação de outros educadores em seu estado. Ele frisou que as mudanças observadas podem levar tempo para se concretizarem, mas são cruciais para a evolução do ensino de matemática.