O que poderia parecer parte de uma narrativa de ficção científica está se tornando uma realidade próxima. De acordo com informações veiculadas, a disputa para interpretar as vocalizações dos animais está intensificada. A Fundação Jeremy Coller está oferecendo recursos financeiros de 10 milhões de dólares para aqueles que conseguirem desvendar esse enigma. Impulsionados pelo avanço da inteligência artificial generativa, grandes modelos de linguagem estão sendo utilizados para classificar milhões de gravações de vocalizações de animais, com o objetivo de identificar suas gramáticas subjacentes. A maioria dos estudos tem foco em cetáceos, que são mamíferos aquáticos como baleias, botos e golfinhos, devido ao fato de que, assim como os humanos, eles aprendem por imitação vocal e se comunicam através de arranjos sonoros sofisticados, que apresentam estrutura e hierarquia.
Um dos projetos em destaque é o Projeto Ceti (Iniciativa de Tradução de Cetáceos), que conta com a colaboração de universidades renomadas, como Harvard e Berkeley. Esse projeto utiliza inteligência artificial para analisar codas, que são sequências rápidas de cliques com a duração de milésimos de segundo, visando desvendar os mistérios da comunicação entre cachalotes. As expectativas são de que a comunicação “baleês” seja possível até 2026. Recentemente, uma ferramenta de inteligência artificial chamada DolphinGemma, desenvolvida por uma grande empresa de tecnologia, foi lançada com a finalidade de traduzir a comunicação dos golfinhos, tendo sido treinada com base em 40 anos de dados.
Entretanto, desde a década de 1960, atividades como navegação e mineração têm contribuído para o aumento do ruído nos oceanos, com um acréscimo aproximado de três decibéis por década. O canto das baleias jubarte, que pode se estender por longas distâncias e durar até 24 horas, está sendo impactado negativamente pela presença humana. Estudos indicam que, ao se aproximarem a até 1,2 km de embarcações comerciais, essas baleias interrompem seu canto para não competirem com o barulho, mesmo sendo esse canto crucial para suas temporadas de migração e reprodução.
