Durante séculos, os líderes da Igreja Católica Romana têm sido selecionados no Vaticano através de reuniões privadas conhecidas como conclaves. Recentemente, no dia 7 de outubro, não houve consenso entre os cardeais na escolha do futuro papa durante a votação. As votações para eleger o sucessor de Francisco continuarão no dia seguinte, 8 de outubro. Sete cardeais brasileiros estão habilitados a votar neste conclave, destacando-se Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador, que tem uma relação próxima com o papa Francisco, tendo participado de um grupo que o auxiliou na administração da igreja.
Historicamente, em 1978, durante o conclave que elegeu João Paulo II, um cardeal brasileiro também teve um papel significativo. Aloísio Lorscheider, um cardeal de Fortaleza, foi o primeiro a obter dois terços dos votos necessários para ser escolhido papa, porém recusou a posição. Consta que ele declinou a oferta devido a problemas de saúde, como relato de Frei Betto, que acompanhou seis conclaves. Na época, Lorscheider enfrentava complicações significativas, incluindo oito pontes de safena.
A situação de 1978 era particularmente delicada, pois a morte do papa João Paulo I, que permaneceu apenas 33 dias à frente da Igreja, gerou inúmeras teorias de conspiração, muitas das quais foram desmentidas pelo Vaticano. Acredita-se que sua morte tenha sido provocada por um ataque cardíaco enquanto dormia, aos 65 anos. Em contraste, seu sucessor, João Paulo II, eleito no mesmo ano, teve um dos papados mais longos da história, durando 26 anos e 5 meses, de 1978 a 2005. Uma observação relevante é que Lorscheider sobreviveu mais que Karol Wojtyła, que faleceu em 2005, enquanto Lorscheider veio a falecer em 2007.
No primeiro dia de conclave, a fumaça preta que subiu da chaminé da Capela Sistina indicou a falta de consenso entre os cardeais sobre a escolha do novo papa. Aproximadamente 45 mil pessoas aguardavam na Praça de São Pedro por essa informação.
O cardeal Aloísio Lorscheider, que foi nomeado cardeal em maio de 1976 pelo papa Paulo VI, nasceu em 8 de outubro de 1924, em Estrela, no Rio Grande do Sul, filho de imigrantes de origem alemã. Iniciou sua formação no seminário de padres Franciscanos em Taquari aos nove anos, e posteriormente prosseguiu seus estudos em filosofia e teologia. Após ser ordenado sacerdote em 1948, Lorscheider lecionou em seu seminário de origem e continuou a se especializar, obtendo seu doutorado na Pontifícia Universidade Antonianum em Roma em 1952.
Após retornar ao Brasil, ele foi professor no seminário franciscano de Divinópolis até 1958, antes de retornar a Roma para lecionar na mesma instituição. Em 1962, foi nomeado bispo de Santo Ângelo, subsequentemente se tornando arcebispo de Fortaleza em 1973 e de Aparecida em 1995. Aloísio Lorscheider faleceu em 23 de dezembro de 2007, conforme registros vaticanos.