Em um evento histórico significativo, o reconhecimento de Maria Madalena no afresco Juízo Final, projeto icônico de Michelangelo, que está exposto na parede do altar da Capela Sistina, tem ganhado atenção, especialmente na véspera do conclave que elegerá o novo papa em 7 de maio. Pela primeira vez, as discussões em torno dessa nova interpretação da santa destacam-na como uma figura central na história do cristianismo.
A pesquisadora e restauradora italiana que se dedicou a esse estudo, após mais de uma década de análise das obras do mestre renascentista, fez uma descoberta que impactou o meio acadêmico e religioso. Foi revelado que a representação feminina no Novo Testamento está presente na famosa obra dentro do museu do Vaticano.
A pesquisadora questionou, em uma entrevista, como uma figura tão importante quanto Maria Madalena poderia ter sido ignorada na Capela Sistina, que retrata a totalidade da história cristã.
Recentemente, foi divulgado que Maria Madalena é uma das figuras do afresco Juízo Final, obra-prima de Michelangelo. A análise começou quando a pesquisadora percebeu a falta de discussão sobre sua representação. A mulher, posicionada ao lado da cruz, sempre foi subestimada. Penco relacionou sua imagem à seguidora de Jesus, levando em conta características como o vestido amarelo, associado ao discernimento, e o gesto de beijar a cruz. Essa revelação suscitou uma série de reações ao redor do mundo, resultando na publicação de um livro que compila seu estudo.
Para viabilizar seu trabalho, a pesquisadora desenvolveu a ferramenta Smarticon, uma plataforma digital que permite a identificação de obras de arte a partir de atributos visuais fornecidos pelo usuário, como cores e símbolos. O sistema compara essas informações a uma base de dados validada por especialistas, assegurando respostas confiáveis. O método, que foi patenteado em 2017, pode ser aplicado em diversos âmbitos, abrangendo educação e preservação de patrimônio cultural, além de possibilitar a integração com tecnologias como blockchain e inteligência artificial.
A pesquisa de Penco, compilada no livro Maria Madalena no Juízo Final, já está disponível. A revelação sobre o afresco, anunciada em dezembro, transformou a compreensão da arte e da religião.
Maria Madalena, conforme enfatizado pela pesquisadora, é considerada a primeira evangelizadora, e sua importância para a narrativa cristã deve ser reconhecida. O papa Francisco também enviou uma carta de agradecimento à pesquisadora, ressaltando seu compromisso em restaurar o papel da mulher na Igreja Católica. A celebração de 22 de julho foi confirmada como uma festa litúrgica em honra à santa, solidificando sua designação como “apóstola dos apóstolos”.
Penco planeja continuar suas investigações, prometendo novas descobertas sobre as conexões entre arte e religião, em um momento de intensa reflexão na Igreja Católica. Sua pesquisa destaca a arte como uma ponte entre o divino e o humano, colocando Maria Madalena no centro das discussões acerca do futuro da Igreja.
Em relação à escolha do novo papa, a pesquisadora não arrisca prever sua identidade, mas espera que seja alguém que reflita os ensinamentos do pontífice falecido e a mensagem espiritual de Michelangelo. Para Penco, o novo líder da Igreja deve ser um exemplo de espiritualidade, promovendo a fé pura como meio de união entre as pessoas, independentemente de sua origem.